5.2.06

BRINQUEDOS PARA HOMENS

28.VI.1980

Embora eu seja adulto,
não me seduzem os brinquedos eletrônicos
que a moda, irónica, me oferece.
E excogito:
Que brinquedo inventar para o adulto,
privativo dele, sangue e riso dele,
brinquedo desenganado mas eficiente?
Tenho de inventar o meu brinquedo,
mola saltando no meu íntimo,
alegria gerada por mim mesmo,
e fácil, fluida, pluma,
pétala.

Sem o pedir às máquinas e aos deuses,
que cada um invente o seu brinquedo.

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro, Estado de Minas Gerais, no dia 31 de Outubro de 1902. Publicou os seus primeiros trabalhos no Diário de Minas, decorria o ano de 1921. Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Nesse mesmo ano, fundou com outros escritores A Revista, órgão modernista do qual saem três números. O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontracção sintáctica pareceriam revelar o contrário. Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, checo e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa. Em 1986 foi internado com insuficiência cardíaca. Faleceu no dia 17 de Agosto de 1987, 12 dias depois da sua gilha Maria Julieta, deixando uma série de obras inéditas. »

3 Comments:

At 12:13 da tarde, Blogger camponesa pragmática said...

Ontem não li mais nada :)

 
At 5:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Opção sábia. :-)

 
At 8:47 da tarde, Blogger Beatriz Vieira said...

Olá

Simplesmente amo Drummon e irei postar em breve esse poema também.
Achei interessante sua cidade :Leiria.. Recente li o crime do padre Amaro que se passa nessa cidade.
abraços!
http://cartasaoavesso.blogspot.com

 

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