25.6.06

O escritor

No Mil Folhas desta semana, anuncia-se logo a abrir novo livro de Eduardo Prado Coelho (ensaísta e cronista do PÚBLICO) lá para 11 de Julho. (sem retroactivos) Umas páginas depois, o homem do livro dá azo a um exercício do mais ignóbil que possa imaginar-se. Não sei se Eduardo Prado Coelho ensandeceu, mas nada mais pode explicar uma coisa daquelas. Supostamente sobre livro de J. M. Coetzee, metade da crónica desta semana é para achincalhar de modo sórdido e vergonhoso Augusto M. Seabra. Este, recordo, tinha opinado na semana passada, no mesmo suplemento, o seguinte: «Como suponho que será óbvio - para mim é-o certamente -, o sistema crítico de Prado Coelho e o método de George, o que foi designada por "crítica bulldozer", têm estatutos incomparáveis. Mas também o longo percurso crítico e intelectual de E.P.C. inclusive autor de uma obra de referência, "Os Universos da Crítica", me levam a dizer que o seu exercício quase diário de opinião nas páginas deste jornal se está a tornar com cada vez maior frequência penoso e mesmo pernicioso, nem que seja pelo desgaste das formas e das fórmulas». Reaccionariamente, EPC reage mais uma vez acusando «a atmosfera de frustração em que se envolve tudo o que [Augusto M. Seabra] escreve». Diz que tem «pelo Augusto uma enorme admiração», mas depois chama-lhe «amargo e ressentido», «magoado pelo facto de os cargos e responsabilidades irem sistematicamente para os outros», que «nunca conseguiu fazer textos, sobretudo textos teóricos, mais extensos e consequentes», etc. Para quem crê que o mal-estar nas letras portuguesas tem nos weblogs o seu circo predilecto, basta ler a crónica desta semana de Eduardo Prado Coelho para perceber que está errado. Esta gente, que há anos comanda as hostes, não se dá ao respeito. Manter Eduardo Prado Coelho a escrever coisas daquelas num suplemento literário é penoso, tão penoso quanto assistir à decadência do touro que se arrasta pela arena. Se o nível das elites desce assim tão raso, tão rasteiro, tão superficial, tão rude, tão primário, tão grosseiro, o que se pode esperar da populaça tantas vezes criticada, rebaixada, ridicularizada, humilhada por estes pregadores da cultura? Venha a bola, que de cultura desta estou eu cheio.

2 Comments:

At 10:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Que elites, Henrique?

 
At 11:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

uma vergonha
mas o figo arriscou-se a ir para a rua
aquela cabeçada tem muito que se lhe diga
e o nuno valente?
uma entrada a pedir vermelho directo
enfim...
nossa senhor do carvaggio!

 

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