29.11.06

O casal pós-pós-moderno

Somos um casal pós-pós-moderno. Eu trabalho e a minha mulher fica em casa a tomar conta dos filhos.

6 Comments:

At 4:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

li este post ontem e falei sobre ele com amigos meus...é verdade, é mesmo uma atitude pos-pos-moderna.
Entre os amigos estava a minha mãe que me surpreendeu com a delcaração de que se soubesse o que as mulheres iam fazer com esta emancipação toda que só as levou a ficarem ainda mais presas do que antes ( acrescento eu , presas, burras e sem sentido de maternidade) tinha ela também ficado em casa a cuidar dos filhos e já não sabe se lutaria assim tanto pelos direitos de mulheres enquanto seres humanos autosuficientes e igualmente capazes...enfim, que se escolha e que haja ao menos liberdade para isso, coisa que antes é que não havia mesmo...
Gostei da tua frase e das conversas que proporcionou, obrigada.

 
At 6:12 da tarde, Blogger MJLF said...

Na sociedade pós-moderna, a mulher habitualmente trabalha e toma conta dos filhos, ou seja, tem o dobro do trabalho do homem - apesar das máquinas e fraldas descartaveis ajudarem muito. Nos casais conscientes, que são uma minoria, o homem também cria os filhos e ajuda nas tarefas da casa - para o trabalho não pesar apenas na mulher. Se calhar no futuro, no pós-pós-moderno, o homem ficará em casa a tomar conta dos filhos, e a mulher irá trabalhar, não gosto da ideia, preferia que homem e mulher se interajudassem mais, sem preconceitos e convenções estupidas.Pensando bem, se calhar nada mudou, ou nunca irá mudar, apenas tem nuances diferentes. Sim, porque a mulher para além de criar os filhos sempre trabalhou, não apenas dentro de casa nas tarefas domésticas, mas na agricultura ou no comércio, na industria. Não trabalhar e apenas educar os filhos era um privilégio das classes mais abastadas - que criavam os filhos com ajuda do trabalho de outras mulheres. A grande maioria das mulheres sempre trabalhou o dobro dos homens, que têm a vida mais facilitada por natureza.
Maria João

 
At 7:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isso não é taxativamente assim, Maria João. Agora não estou com cabeça para me explicar, mas vou adiantando que o pequeno e lacónico post pretende apenas chamar a atenção para um espírito retro cada vez mais em voga. Posso ainda adiantar que discordo liminarmente da noção de «convenções estúpidas» aplicada a este caso, pois a convenção, a existir, será entre marido e mulher. As opções que as pessoas façam nesse domínio não são estúpidas, são sempre opções. Por exemplo, se uma mulher optar, voluntariamente, por ficar em casa a tomar conta dos filhos enquanto o marido trabalha poderemos chamar-lhe nomes por ela ter optado por esse estilo de vida? Julgo que não. É uma opção livre, da mulher, estúpido seria inferiorizá-la, chamar-lhe estúpida ou convencional por ela ter tomado essa opção. O que penso é que, como disse num post antes deste, os modos de vida, hoje, escolhem-se. O campo de possibilidades é múltiplo, basta escolher. Eu posso escolher não trabalhar e viver à custa da minha mulher, como aliás fizeram alguns poetas que muito aprecio. Posso escolher não trabalhar nem ter mulher, dedicar-me à vadiagem. Posso escolher ir trabalhando e ir tendo mulheres. O mesmo, julgo, se passará com as mulheres. Podem escolher várias alternativas. O conceito de família nunca foi estanque, resulta de uma evolução muito interessante que tem na sua base, a maior parte das vezes, condições económicas e situações históricas específicas. Tu dizes que gostavas que houvesse mais entreajuda. Pergunto: um homem passa o dia em casa a tratar dos filhos e da casa, a mulher trabalha 8, 9, 10 horas, o que seja, para sustentar a família, conseguir dinheiro que dê para as despesas de todos. Isto não é já entreajuda? Ambos têm as suas tarefas repartidas. Ele, em casa; ela, fora de casa. Fico por aqui, estou mesmo sem cabeça.

 
At 9:27 da tarde, Blogger MJLF said...

Henrique, tens razão, concordo com a divisão das tarefas. Hoje as pessoas são mais livres de escolher, quando podem escolher porque se calhar a média das mulheres não escolhe, apenas faz cedências. Faz cedencias para ter filhos, no trabalho, na vida. Não tenho nada contra o facto de uma mulher optar por ficar em casa a criar os filhos enquanto o homem trabalha, se ela for livre de o fazer e isso for possível economicamente, não vejo nenhum mal nisso, pelo contrário; e vice-versa, que o homem fique em casa a criar os filhos e a mulher trabalhe - conheço um caso assim, o homem está desempregado. Mas ambos os casos são exepções, porque hoje em dia tanto o homem como a mulher trabalham e são dois ordenados que premitem o sustento. Na maior parte das vezes a mulher acaba por trabalhar o dobro, porque é sobrecarregada com o trabalho doméstico e os filhos, isso sim devido a convenções estupidas. Porque os homens se descartam e acham que a casa e os filhos é uma tarefa das mulheres, porque as mulheres cedem e permitem que isso aconteça, porque são passivas, porque foram educadas assim, porque os homens continuam a ter a vida mais facilitada - não me intrepretes mal, Henrique, não é nada pessoal, apenas a constatação de factos.
Maria João

 
At 12:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Dizes: «Hoje em dia tanto o homem como a mulher trabalham e são dois ordenados que premitem o sustento. Na maior parte das vezes a mulher acaba por trabalhar o dobro, porque é sobrecarregada com o trabalho doméstico e os filhos, isso sim devido a convenções estupidas. Porque os homens se descartam e acham que a casa e os filhos é uma tarefa das mulheres, porque as mulheres cedem e permitem que isso aconteça, porque são passivas, porque foram educadas assim, porque os homens continuam a ter a vida mais facilitada - não me intrepretes mal, Henrique, não é nada pessoal, apenas a constatação de factos.»

Julgo que esse hoje em dia já não é bem assim. Eu constato outra realidade: o facto de ambos trabalharem, homem e mulher, permite-lhes amenizar o trabalho doméstico, pagarem a uma mulher-a-dias para fazer limpezas, comprarem electrodomésticos que lavem e sequem a roupa, a louça, fazer refeições fora de casa, encomendar pizzas, etc.. Quem são as mulheres de hoje que ainda cozinham, que sabem cozinhar? Não digo que isto seja mau, estamos apenas a tentar fazer um diagnóstico do que se passa. Não faço juízos da valor. Em suma, na verdade acho que cada vez menos o trabalho doméstico é uma sobrecarga feminina. Essa sobrecarga fica para a mulher-a-dias e os electrodomésticos. Repara que, como tu, falo partindo de generalizações, falo em termos de “na maior parte das vezes”, num contexto de classe média, média alta, o que seja e, provavelmente, mais urbana – se assim o posso dizer.

Quanto aos filhos, o que vejo muitas vezes é uma total indiferença - mães e pais passam cada vez menos tempo com os filhos, estes ficam entregues a infantários, centros de ocupação de tempos livres. Vêm os putos à noite e pouco mais, metem-nos especados a ver a Floribela ou os Morangos com Açúcar e depois banhinho e cama. Ora, temos aqui uma árdua tarefa, provavelmente a única, na educação quotidiana dos filhos: dar-lhes banhinho e metê-los na cama. Porém concordo contigo que ainda hoje há uma certa abdicação masculina noutro tipo de tarefas, nomeadamente na responsabilidade escolar. São quase sempre as mães a irem às escolas saber notícias dos filhos, embora sejam cada vez menos as que o façam. Dizem que lhes é mais fácil porque os patrões são mais flexíveis com as mulheres nessas dispensas do que com os homens. Não sei se assim será, mas é o que elas dizem.

 
At 12:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vêem!

 

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