O pensamento nas mãos #2
Um pianista como Sviatoslav Richter (1915-1997) decifra e dá corpo ao pensamento sensível dos compositores, expressos em partituras, que são apenas conjuntos de hieróglifos silenciosos para a maior parte das pessoas; Richter acreditava que um intérprete não deveria contaminar a música com a sua personalidade, mas sim ser o espelho da partitura, incorporando as intenções do compositor; com esta postura humilde, ele encarnou composições tornando-as música. Sim, porque a música apenas existe enquanto interpretada e no caso de Richter, quando ele tocava era um acto de pura magia. Este pianista ucraniano, ao contrário de Glenn Gould, preferia os concertos ao vivo, nos quais se fazia acompanhar das partituras e não gostava de fazer gravações. Ele interpretou um reportório muito vasto, sempre com uma técnica irrepreensível; o seu estilo, apesar de ser reconhecível, mudava consoante o compositor que encarnava, procurando sempre o mistério poético por detrás de cada obra e autor com o qual entrava em diálogo.
Maria João
#1
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