Fragmento #69 – Perdidos e achados
Ontem, ia bastante entusiasmada dar uma aula onde colocava os alunos a escrever sobre pequenas pinturas feitas por mim, levava-as guardadas numa capa A3 debaixo do braço; saí de casa quase uma hora mais cedo para poder preparar tudo como deve de ser; dirigi-me para um dos elevadores do centro comercial do Campo Pequeno, para passar pelo Multibanco e depois apanhar o metro: à porta do elevador estava uma velhota de muletas, deixei-a passar à minha frente e a porta fechou-se; ambas ficámos à espera que o elevador descesse, mas quando olho para os botões, reparo que não carreguei em nenhum. A senhora olhou-me com o sorriso malandro e disse: já vi que está pior do que eu! Achei piada, continuei o meu caminho e quando ia quase a chegar à escola, ao sair do metro, reparo que não trazia a capa debaixo do braço: fiquei em pânico, estavam lá dentro cerca de 20 originais guardados. A primeira reacção foi pensar no meu percurso, se tinha largado a capa no metro nunca mais a iria ver, e se em último caso, não a encontrasse, como ainda tinha tempo, ia buscar mais trabalhos a casa. Voltei para trás, com a esperança de a ter largado quando levantei dinheiro: no balcão dos atendimentos do centro comercial ninguém sabia de nada. Dirigi-me então ao Multibanco, não a vi, mas estava um senhor no balcão de atendimentos do banco àquela hora, ele tinha a capa guardada, foi um alívio. Dirigi-me novamente para o metro, com a capa bem segura nas minhas mãos, tinha tempo, ia chegar à aula mesmo em cima da hora e com todo o material. Pelo caminho, lembrava-me constantemente da senhora de muletas a avisar-me que estou pior que ela, com uma enorme vontade de rir, que partidas que o destino nos prega.
Maria João
Maria João
5 Comments:
Quando conto à minha mãe, situações idênticas de distracção. Ela põe o seu ar mais irónico e diz: Deixa estar, com idade isso passa!
Bjs
Espero que a tua mãe tenha razão ;)
Maria João
Eu sou testemunha!
Que grande susto me pregaste quando entraste pela casa adentro, em pânico. Naquele momento só pensei que tinha morrido alguém. Mas, felizmente, acabou tudo bem! A reacção às minhas distracções são sempre conotadas como "coisas de artista", enfim, é o Karma.
é a experiência de vida da senhora, com e sem muletas, Maria João...
Estela:o pessoal da música é melhor que nós nestas andanças:)
Luís: chama-lhe experiência, acho que foi mesmo sorte!
Maria João
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