17.9.05

A minha infância é a felicidade da minha vida

No fundo - a voz ténue do instante. É
a minha melhor bala encovando-me. O acabado
vira lentamente os cantos amarelados coxeando. É isto - o meu
Fim... jazendo na pedra, espalhando um fedor nas minhas costas - deixando a felicidade da minha vida, que é a minha infância.

Ermenonville 1959

Tradução de Anabela Moura.
(a partir de versão encontrada aqui)
Unica Zürn
Unica Zürn nasceu a 6 de Julho de 1916 em Berlim. Afectada por crises frequentes de esquizofrenia, acabou por se suicidar em Paris no dia 19 de Outubro de 1970. Companheira de Hans Bellmer, a sua personalidade suscitou a admiração dos grandes nomes do surrealismo: Breton, Arp, Duchamp, Michaux, entre outros. Dos seus escritos, destaca-se Hexentexte, um livro de anagramas publicado em 1954, Primavera Sombria, de 1969, entre outros títulos póstumos como O Homem de Jasmim (1977). Durante a década de 60, realizou uma série de desenhos que combinavam o automatismo surrealista e certas experiências psicadélicas com drogas. A relação com Bellmer terá sido bastante intensa para ambos, contribuindo para o agravamento da doença de Unica e os problemas de alcoolismo de Bellmer. O suicídio de Unica Zürn ocorreu após cinco dias de internamento numa instituição psiquiátrica, no apartamento de Hans Bellmer em Paris. Este morreira pouco tempo depois, em 1975, tendo sido enterrado junto à sua companheira no cemitério Père Lachaise.

3 Comments:

At 11:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

a etc editou em Portugal "O homem jasmim", um livro incrível que te posso emprestar se não tiveres

 
At 3:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sei que hà muito que este post foi publicado, no entanto, não resisto a partilhar a minha opinião (curta, porque provavelmente nem sequer vai ser lida) acerca desta excelente artista.
"O Homem Jasmim" é, de facto, a obra prima desta senhora, que, através de uma mestria difícil de compreender, descreve um quotidiano em que mistura, suavemente, aspectos de seua autobiografia, com aspectos ficcionados e, ainda, com aspectos vividos através de sua psicose. Resultado, uma bela textura surrealista, extremamente rica, onde a bizarria convive, naturalmente, com a realidade. Um verdadeiro espectáculo de sensibilidade!
Também o seu "Sombre Printemps", também, por vezes, muito autobiográfico, é uma verdadeira ode à primavera da vida, vivida num clima extremamente ansioso, em que inocência e reminiscências preversas começam a despontar numa pequena rapariga. Também extremamente sensível!
Outros textos, como os "Anagramas" e "Textos de Bruxas", são, também eles, bastante sensíveis e mostram a capacidade técnica, de domínio da língua, de jogo, que Única Zurn possui, de uma forma esplendorosa.

Pena que apenas "O Homem Jasmim" esteja traduzido para português.

Já agora, aconselho vivamente, para além dos referidos, a excelente obra de Hans Bellmer (tanto a plástica como a escrita), companheiro de Unica Zurn.

Boas leituras!

 
At 5:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado pelo seu comentário e pelas suas sugestões.

 

Enviar um comentário

<< Home