LÁGRIMAS
As cristalinas lágrimas vertidas
Pela noite nas águas tenebrosas,
São no abismo profundo convertidas
Em pérolas radiosas…
Mas as pérfidas lágrimas caídas
Desses teus olhos lânguidos e ardentes,
No meu peito amoroso recolhidas,
Só geraram serpentes…
Pela noite nas águas tenebrosas,
São no abismo profundo convertidas
Em pérolas radiosas…
Mas as pérfidas lágrimas caídas
Desses teus olhos lânguidos e ardentes,
No meu peito amoroso recolhidas,
Só geraram serpentes…

António Feijó nasceu em Ponte de Lima em 1859. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, ingressou na carreira diplomática. Viria a falecer em Estocolmo no ano de 1917. Dez anos depois o governo sueco enviou para Portugal os seus restos mortais. Fundou em 1880 na cidade de Coimbra, com Luís de Magalhães, a Revista Científica e Literária. Colaborou nas revistas Arte, A Ilustração Portuguesa, O Instituto, Novidades, Museu Ilustrado, etc. Poeta parnasiano, afasta-se desta Escola para criar um estilo pessoal, saudosista e não de todo afastado dos símbolos românticos e de um simbolismo que anuncia por vezes o modernismo na poesia portuguesa. Em 1881 publicou Sacerdos Magnus, seguindo-se-lhe Transfigurações (1882) e Líricas e Bucólicas (1884), entre outros. O seu último livro publicado em vida foi Bailatas (1907, sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima). ***
<< Home