NOCTURNOS
Café de cais,
Onde se juntam,
Anónimos de iguais,
Os ratos dos porões,
Babel de todos os calões,
Rio de fumo e de incontido cio,
Sexuado rio
Que busca, único mar,
Mulheres de pernoitar,
Unge-te a nojo, não Anfitrite,
Fina ficção marinha,
Mas nauseabundo
E tutelar,
O vulto familiar
Da Virgem Vício,
Nossa Senhora do Baixo Mundo.
Onde se juntam,
Anónimos de iguais,
Os ratos dos porões,
Babel de todos os calões,
Rio de fumo e de incontido cio,
Sexuado rio
Que busca, único mar,
Mulheres de pernoitar,
Unge-te a nojo, não Anfitrite,
Fina ficção marinha,
Mas nauseabundo
E tutelar,
O vulto familiar
Da Virgem Vício,
Nossa Senhora do Baixo Mundo.
Reinaldo Ferreira nasceu em Barcelona a 20 de Março de 1922. Filho do jornalista Reinaldo Ferreira, o vulgarizado Repórter X, foi para Moçambique em 1941. Aí publicou os seus primeiros poemas, por volta de 1947, em jornais e revistas (Artes e Letras). A pouca obra que publicou em vida, resume-se a esses dispersos mais algumas canções. Projectos de edição, conhecem-se-lhe alguns: Poemas Infernais, Um voo cego a nada. Faleceu canceroso em Junho de 1959, na então Lourenço Marques. Deve a José Régio o enfoque que nos anos 60 recebe a sua obra. (a partir de Sião, organização e notas de Al Berto, Paulo da Costa Domingos e Rui Baião, frenesi, Lisboa, 1987)
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