O HERBERTO HELDER TAMBÉM É PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Alguém ainda julga que o presidente da república é a figura máxima do Estado? A figura máxima do Estado é aquele que consegue alguma espécie de concordância entre a forma como vive e a forma como desejaria que outro qualquer fizesse o mundo se não soubesse a parte dele que lhe iria calhar. A figura máxima do Estado é sempre uma figura mínima, porque é no micro-rigor que as coisas se decidem. Quando alguém diz: "quero estar ao pé de ti como um copo de água" (frase de Joaquim Rocha, retirada do contexto), isto é o mínimo absoluto, estão a ver, e é no limite que as coisas se compreendem. Este texto é um political statement ainda que só uma pessoa lhe dê ouvidos: "não podendo falar para toda a terra, direi um segredo a um só ouvido" (Luiza Neto Jorge).
O poder está em todo o lado (Foucault). A vantagem disto é que a resistência também pode estar. Não é preciso estar "dentro do sistema", como alguns dizem, para o mudar. Ou melhor, dentro estamos sempre: dentro do discurso em que formamos a nossa capacidade de pensar (se até a esta devemos opor resistência(s)). Imaginem o que aconteceria se numa cidade do país, uma só, toda a gente amanhã fosse levar os seus aparelhos de televisão à rua e aí os deixasse, caladinhos, à espera do tractor que os viesse engolir. E que, na semana seguinte, noutra cidade do país, outros fariam o mesmo. Imaginem o que seria amanhã irmos todos ao banco e levantarmos o nosso dinheiro. O que seria se numa cidade ou em mais cidades do país, ou em todas as cidades e vilas do país, isto acontecesse.
Todos os animais são políticos. O poeta é um animal. O leitor também. Mesmo o poeta que lambe as botas do leitor ou o leitor melancólico, enfadado, que espera para ver. Ou o poeta que diz que não está para ninguém e pensa na mãe, como o leitor ou o poeta.
Se calhar só não me matas por ser muito mais forte: sou poeta.
O poder está em todo o lado (Foucault). A vantagem disto é que a resistência também pode estar. Não é preciso estar "dentro do sistema", como alguns dizem, para o mudar. Ou melhor, dentro estamos sempre: dentro do discurso em que formamos a nossa capacidade de pensar (se até a esta devemos opor resistência(s)). Imaginem o que aconteceria se numa cidade do país, uma só, toda a gente amanhã fosse levar os seus aparelhos de televisão à rua e aí os deixasse, caladinhos, à espera do tractor que os viesse engolir. E que, na semana seguinte, noutra cidade do país, outros fariam o mesmo. Imaginem o que seria amanhã irmos todos ao banco e levantarmos o nosso dinheiro. O que seria se numa cidade ou em mais cidades do país, ou em todas as cidades e vilas do país, isto acontecesse.
Todos os animais são políticos. O poeta é um animal. O leitor também. Mesmo o poeta que lambe as botas do leitor ou o leitor melancólico, enfadado, que espera para ver. Ou o poeta que diz que não está para ninguém e pensa na mãe, como o leitor ou o poeta.
Se calhar só não me matas por ser muito mais forte: sou poeta.
Porque o presidente da república, apesar de não ter muito medo de mim, também.
Rui Costa
12 Comments:
muito bom texto Rui,
abraco!
nelson
obrigado
Rui Costa
também gostei!
Maria João
os poetas acham-se mais fortes que os outros mortais, os policias também se acham mais fortes que os ladrões, o presidente da república acha-se mais forte que o ministro da administração interna, a selecção do burkina fasso acha-se mais forte que a sua congénere das ilhas salomão. pois eu acho-vos muito fraquinhos.
Ó loucomotiva: fracos ou fortes todos morremos um dia, deixa lá. E tu também, vai-te valer muito considerar os outros fracos e achares-te muito forte, teres-te muito em conta. Aproveita bem a vida e não te leves tão a sério, ó forte loucomotiva, é o que te desejo.
se te chamasse 'feia' não estaria a dizer que me achava 'bonito'. porque razão, especialmente em portugal, é considerada uma critica ao alheio como uma forma de nos estarmos a tentar elogiar? não me parece que assim o seja. um exemplo de forças: uns amigos vão a um combate de box e um diz para o outro 'o dos calções azuis é muito fraquinho', não estaria com isso a querer dizer que ele se acharia capaz de com os seus 60kg derrotar em plena arena pública o pugilista dos calções azuis. bom, contudo venho pedir desculpa, pois esqueci-me que para além do Rui Costa, mais três pessoas lêem este blog e tratava-se de um momento de humor para com ele, não de qualquer outro tipo de força.
maria joão, na foto fazes lembrar a guilhermina suggia!
não sou mais forte, mas quero ter mais sentido de humor que tu, vamos competir? :)
jorge garcia pereira
oh pah, desculpem mas vocês fracos não sei se são, mas que são uma valente seca!!!
leitores do antologiadoesquecimento: hummmm... esqueci-me, é antológico!
HUMOR PRECISA-SE (no mundo dos melindrados).
Loucomotiva: fui ver as tuas fotos, grandes fotos. Não leves a mal o meu humor, também não interessa, fortes ou fracos o que importa é estar vivo. A foto não é da Guilhermina, obrigado pelo elogio, sou mesmo eu vista pelo Eurico do Vale em 1998, o site do Eurico é :http://www.geocities.com/euricolinodovale/homepage.
Olhopineal, de facto os azeites hoje não estavam bons. Vai um brinde?
saúde a todos
Maria João
HUMOR:
Um casal de grão de areia atravessa o deserto. Nisto um deles diz:
-Querida não olhe agora, acho que estamos a ser seguidos…
(7)
Aurora
falta de humor:
orgulho-me das minhas fraquezas, são elas que fazem de mim humana.
Aurora
isto deveria terminar com estas duas belas intervenções da Aurora, mas não resisto a retribuir o brinde proposto pela Maria João.
aos fortes, aos fracos, aos humanos, brindemos concerteza!
tchim tchim
Saúde!!!
:)
Aurora
Enviar um comentário
<< Home