3.
Por fim, Million Dollar Baby (Sonhos Vencidos). Mais um clássico do futuro de Clint Eastwood, desta feita no papel de um treinador de boxe em final de carreira que se vê em pleno ringue a travar um dos mais inglórios combates da sua vida. Os quatro Óscares que arrebatou são inteiramente merecidos: melhor filme, melhor realizador, melhor actriz (Hillary Swank) e melhor actor secundário (Morgan Freeman). É mais um filme sobre uma dessas questões sociais que é costume dizerem-se fracturantes. Maggie Fitzgerald (Swank) fica paraplégica após uma queda no ringue durante um combate, após o que solicita ao seu treinador (Eastwood) que a ajude a morrer. Uns dirão que a lutadora Maggie desistiu de lutar, outros que já tinha lutado o suficiente, outros que isto e que aquilo. O problema da eutanásia é sempre dois problemas: é o problema de quem quer partir e o problema dos que ficam após a partida. Clint Eastwood, que, para o bem e para o mal, nunca foi dado a falsos pudores, opta pelo tom mais sensato: o de um blues à vida. Só os insensíveis poderão julgar imoral o tormento dos que, achando-se cumpridos na vida, desejam a morte. Assim como só os insensíveis poderão condenar a moral de que há um preço a pagar, mais oneroso que qualquer outro, por se ajudar a morrer alguém que se ama: é o preço de ficar vivo.
P.S.: imagem respigada aqui.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home