15.11.05

Da actualidade

Será que os sobreviventes do Katrina (era assim que se escrevia?) estão a desenrascar-se? Será que têm tido o apoio e a ajuda do estado? E como estarão as gentes de Darfur? Se calhar já morreram todos e ninguém deu por isso. Não pode ser. Se tivessem morrido todos por certo daríamos por isso. Do Iraque, já nem se fala! E isto é literal. O Iraque é o nosso quotidiano de ir passear o cachorro à rua. Como o cão (por lebre), alçamos a perna e lembramo-nos: há quanto tempo aconteceu aquela tragédia do, como é que se diz, aquilo lá na Indonésia, o tsunami ou o que é? As ajudas internacionais… se calhar a nossa contribuição apagou-nos a memória. Agora, os vivos que lavem as mãos dos mortos. Ah! E os terramotos? Índia, Paquistão, Irão, Turquia… E os atentados? Outro nosso quotidiano que já não pia. Nem mesmo a Casa, o caso da Casa. Já nada pia. Dizem que o tempo tudo cura. É como o Natal. Este ano não te esqueças de contribuir para o trabalho infantil. Assim como assim, ele há tanto puto a morrer de fome. Presidenciais para aqui, presidenciais para acolá… ninguém diz para que serve um pRESIDENTE da rEPÚBLICA. Ninguém explica, a malta não se entende. Os candidatos dizem que serve para alguma coisa. Por exemplo, o stôr Cavaco diz que serve para pressionar. Mas pressionar o quê? Os impressionáveis? Pois, pois… os impressionáveis. Voltamos ao mesmo. Não há para aí nenhuma tragédia ao dispor? Só para a gente se impressionar mais um bocadinho. É que isto assim não dá, é uma pasmaceira. A gente quer é mortos, violados, desgraçados, para termos o que falar. Para termos o que dizer. Paris, paris, paris, anda na ponta do nariz de muita gente com verniz. Paris não conta. Porque sobre Paris já toda a gente sabe tudo aquilo que nunca disse. Alguém quer propor uma teoria sobre qualquer coisa que ainda não tenha sucedido?