Três filmes em atraso
1.
Relatório Kinsey, com Liam Neeson protagonizando, qual peixe em luminosas águas, o papel do cientista Alfred Kinsey - zoólogo norte-americano, nascido em 1894, que viria a escandalizar a América do pós-guerra com as suas investigações sobre o comportamento sexual dos seres humanos. Neste campo, duas obras são ainda hoje motivo de debate e controvérsia: Sexual Behavior in the Human Male (1948) e Sexual Behavior in the Human Female (1953). Matriz (ou não) das “revoluções sexuais” da década de 1960, as investigações de Kinsey limitaram-se a levantar o véu (o que já não foi pouco) sobre o domínio da vida humana mais dissimulado e reprimido de sempre. O filme, de cariz biográfico, pretende retratar os anos de investigação nessa área, as motivações do próprio Kinsey, os seus processos, o seu drama íntimo. Por pretender jogar em tantas frentes, acaba por parecer superficial em todas elas: só a relação com o pai daria para fazer um filme, assim como as excentricidades do seu núcleo familiar ou a luta de um cientista contra os obstáculos do progresso científico. Esta dispersão resulta num algo pedante elogio do amor (sobre o qual não há ciência possível) e na exaltação do cientista revolucionário cuja obra constituiu um novo paradigma com benefícios improváveis para a história da humanidade.
P.S.: imagem respigada aqui.
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