19.12.05

CREDO

As infinitas

pequenas coisas. Por uma vez respirar tão-só
na luz das infinitas

pequenas coisas
que nos rodeiam. Ou nada
pode escapar

ao encanto desta escuridão, o olhar
descobrirá que somos apenas
o que nos fez
menos do que somos. Nada a dizer. Dizer:
as nossas vidas mesmas

dependem disso.


Tradução de Rui Lage.

Paul Auster
Paul Auster nasceu a 3 de Fevereiro de 1947, em Newark, New Jersey. Entre 1969 e 1970 estuda literatura na Universidade de Columbia. Publica artigos sobre livros e cinema. Em 1971 parte para Paris; trabalhos ocasionais, por entre a escrita e um mês no México, como assistente de um projecto de livro falhado. Volta a Nova Iorque em 1974. Casa com Lydia Davis. Publica o primeiro livro de poemas. Sobrevive de traduções e de artigos para a imprensa. Em 1975, uma bolsa permite-lhe ficar oito meses a escrever (é nesta fase que surge a peça Blackouts, embrião do romance Fantasmas). O seu filho Daniel nasce em 1977. Dificuldades financeiras graves levam-no a tentar concursos e venda de jogos e a fazer uma história de detectives (assinada Paul Benjamin). Durante 1978 não escreve. O casamento desfaz-se. Um ensaio de dança a que assiste por acaso inspira uma pequena ficção no princípio de 1979. O pai morre, deixando uma herança que lhe permite escrever durante algum tempo. Regressa às traduções de Mallarmé, conhece Samuel Beckett, um dos escritores que mais admira, e a quem enviara umas traduções de poemas franceses – Beckett aprova-as. Em 1980 publica o último volume de poemas. Instala-se em Brooklyn. No ano seguinte, encontra Siri Hustvedt, uma escritora de origem norueguesa (com quem continua casado, e de quem tem uma filha, Sophie). Trabalha em A Cidade de Vidro, o seu primeiro romance, publicado em 1985. Em 1986 começa a dar aulas na Universidade de Princeton.