NATAL
Que nos trazes a não ser
lágrimas cada vez mais,
natal eterno a nascer
de outros natais…
Ligeira esperança que toca
os nossos olhos molhados
e o sangue da nossa boca,
amordaçados…
Ah bruxuleante luz
acenando ao longe em vão
e que a dor nos reproduz
em ilusão…
Ternura dum breve instante
que o próprio instante desterra,
morta no facto constante
de tanta guerra…
lágrimas cada vez mais,
natal eterno a nascer
de outros natais…
Ligeira esperança que toca
os nossos olhos molhados
e o sangue da nossa boca,
amordaçados…
Ah bruxuleante luz
acenando ao longe em vão
e que a dor nos reproduz
em ilusão…
Ternura dum breve instante
que o próprio instante desterra,
morta no facto constante
de tanta guerra…
António Salvado nasceu em Castelo Branco a 20 de Fevereiro de 1936. Licenciado em Letras pela Universidade Clássica de Lisboa, desempenhou diversas funções, das quais se destacam as de professor do ensino liceal e superior politécnico e director-conservador do Museu Francisco Tavares Proença Jr. Foi distinguido com vários prémios e medalhas de mérito. A sua obra poética iniciou-se em 1955 com o título A Flor e a Noite. A maior parte dos seus livros encontra-se reunida em três volumes editados pela A Mar Arte. Publicou ainda vários ensaios, antologias e algumas traduções.
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