A quem servirão as boas intenções?
O jornal Público convidou 14 intelectuais a pronunciarem-se sobre o estado político da nação. O primeiro intelectual a ser escutado foi Gonçalo M. Tavares, escritor cuja poesia me anima mas cuja prosa me enfada. Em 10 pontos no seu habitual estilo cilíndrico, o autor de Jerusalém diz de sua justiça. Entre várias premissas, esta conclusão de estilo mais hipotético que categórico: «Em poucos anos os manifestantes transportarão acima da cabeça não cartazes, mas pequenos ecrãs». A ideia soa-me a “já vi isto em algum lado”, mas é boa. Eu comecei logo a imaginar no que poderiam esses ecrãs mostrar. O que cada um dos manifestantes (pensa que) sabe dos candidatos? O que cada um dos manifestantes (sabe que) pensa dos candidatos? O efeito, desconfio, seria eloquente e esclarecedor. Sempre que olho para uma manifestação, sempre que observo as amálgamas de gente anónima rodeando candidatos, interrogo-me sobre o que motivará essa gente. A esperança? O clubismo? O tacho? Ideais, valores, ideias? Que será que “o povo” vê nos seus líderes? Que móbeis levarão as pessoas ao espectáculo da política? Ser de borla? Não sei, mas sempre me interroguei acerca disso. Se há coisa que me complica a mioleira é esse arrebatamento, é esse entusiasmo, com que alguém se manifesta por um outro no qual deposita a “fé” de um rumo a ser traçado. Apesar de desconfiar sempre das boas intenções, dou de barato que existam. Tenho é duvidas sobre a quem elas servirão.
1 Comments:
o george orwell's nasceu em portugal?ou o g.m.t. é filho dele e ninguém sabe?! estes senhores são de facto muito interessantes.
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