A CHUVA
Toda a noite o som tinha
voltado de novo,
e de novo cai
esta chuva persistente, mansa.
O que eu sou para mim
tem de ser recordado
e insisto
tanto? É que
nunca o repouso,
mesmo a dureza,
de chuva caindo
terá para mim
algo mais do que isto,
algo não tão insistente –
terei de ser encerrado nesta
inquietação final?
Amor, se me amas,
deita-te a meu lado.
Sê para mim, como chuva,
a fuga
ao cansaço, à fatuidade, à semi-
luxúria da indiferença intencional.
Molha-te
com uma felicidade decente.
Tradução de Manuel de Seabra.
voltado de novo,
e de novo cai
esta chuva persistente, mansa.
O que eu sou para mim
tem de ser recordado
e insisto
tanto? É que
nunca o repouso,
mesmo a dureza,
de chuva caindo
terá para mim
algo mais do que isto,
algo não tão insistente –
terei de ser encerrado nesta
inquietação final?
Amor, se me amas,
deita-te a meu lado.
Sê para mim, como chuva,
a fuga
ao cansaço, à fatuidade, à semi-
luxúria da indiferença intencional.
Molha-te
com uma felicidade decente.
Tradução de Manuel de Seabra.
Robert Creeley nasceu em Arlington, Massachusetts, no dia 21 de Maio de 1926. Publicou o seu primeiro poema em 1946, na revista Wake da Universidade de Harvard. Em 1954, o seu amigo e poeta Charles Olson convidou-o, na qualidade de reitor do Black Mountain College, para editar a Black Mountain Review. Surgiu assim o grupo conhecido como Black Mountain Poets, inspirados em autores como Ezra Pound, William Carlos Williams e Louis Zukofsky. Dele fizeram parte, entre outros, Robert Duncan, Denise Levertov, Olson e, claro, o próprio Creeley. Tendo publicado mais de 60 livros de poesia, assim como um romance, uma peça de teatro, ensaios e entrevistas, Creeley foi honrado em vida com vários prémios. Faleceu no dia 30 de Março de 2005.
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