A CASA VAZIA
Ó casa vazia,
o medo vive nela,
onde as portas chiam
como feras da estepe,
onde a mesa espreita
de angústia no chão,
onde se escondem nos cantos
sombras de pavor…
Ó casa vazia,
casa com duplo-fundo,
quartos vazios
para recordar o passado –
risos, amores, palavras,
candeias, encontros no mundo…
Que paredes brancas!
Onde há nelas sombras
nossas do passado?
Onde se oculta o riso
ou os gritos de dor?
Debaixo do soalho?
Ó casa vazia,
nem um’ alma bela,
vazio pela casa,
e nada, senão
palavras vazias, raivosas,
olhares mortos,
e nós – dois estranhos.
Tradução de Manuel de Seabra.
o medo vive nela,
onde as portas chiam
como feras da estepe,
onde a mesa espreita
de angústia no chão,
onde se escondem nos cantos
sombras de pavor…
Ó casa vazia,
casa com duplo-fundo,
quartos vazios
para recordar o passado –
risos, amores, palavras,
candeias, encontros no mundo…
Que paredes brancas!
Onde há nelas sombras
nossas do passado?
Onde se oculta o riso
ou os gritos de dor?
Debaixo do soalho?
Ó casa vazia,
nem um’ alma bela,
vazio pela casa,
e nada, senão
palavras vazias, raivosas,
olhares mortos,
e nós – dois estranhos.
Tradução de Manuel de Seabra.
Semyon Kirsanov nasceu em 1906, no dia 5 de Setembro, em Odessa. Estudante de Filosofia, foi descoberto por Mayakovsky depois de se ter mudado para Moscovo. Começou a publicar em 1922, colaborando na revista Lef. Em 1926 edita Pritsél’. Foi correspondente de imprensa durante a Segunda Grande Guerra, tendo-lhe cabido a cobertura dos julgamentos de Nuremberga. Foi um poeta activista e propagandista, contribuindo para a causa comunista com slogans, panfletos, artigos e poemas. Depois da Guerra assumiu uma vertente mais intimista. Morreu em 1972.
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