A PRIMEIRA VEZ QUE ENTENDI
A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou mexendo.
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou mexendo.
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
Affonso Romano de Sant'Anna nasceu em Belo Horizonte, Brasil, no dia 27 de Março de 1937. Poeta, ensaísta, cronista e professor, teve uma infância pobre que o obrigou a trabalhar, desde muito cedo, para pagar os seus estudos. Em 1965 edita o seu primeiro livro: Canto e Palavra. Nos tempos da ditadura militar brasileira, publicou vários poemas de carácter político nos principais jornais do país. Em 1984 substituiu Carlos Drummond de Andrade como cronista no Jornal do Brasil. Lançou a revista Poesia Sempre, foi professor em várias universidades brasileiras, criou o Sistema Nacional de Bibliotecas no Brasil, recebeu diversos prémios e distinções. A sua obra literária conta com mais de 30 livros de ensaios, poesia e crónica.
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