8.10.07

OSSOS, MÚSCULOS, NERVOS, ARTÉRIAS, VEIAS

O modo como cada indivíduo lida com os seus erros varia muito consoante a situação em que esse erro é descortinado, mas diz mais sobre a personalidade dos indivíduos do que outra coisa qualquer. Como gosto mais de falar de mim do que dos outros, chamo aqui uma conversa que mantive há dias com o Vítor Vicente. Dizia-lhe que me arrependo muitas vezes de muita coisa que fiz e de outras tantas que tenho deixado por fazer. Na minha vida pessoal o arrependimento ocupa grande parte do lugar que Descartes conferia ao bom senso, sendo por isso provável que, daqui a pouco, esteja já eu arrependido destas palavras que ora profiro. Contudo, se há coisa de que não me arrependo é de tentar, obsessiva e compulsivamente, aprender com os meus erros. Pelo menos tanto quanto tento evitar contendas desnecessárias, desgastantes, inúteis. A vida dura pouco, tenho mais que fazer, não quero chatear ninguém, não me chateiem a mim. Viver neste mundo ensinou-me, para já, que os erros pairam sobre os tectos humanos como permanentes ameaças de incompetência. Quando confrontadas com os seus próprios erros, as pessoas sentem-se fracas. Respondem a esse sentimento fraquejando, com humildade ou, amiúde, usando e abusando da arrogância que consiste em, das duas uma, procurar justificar o injustificável, acusar a quem aponta o erro sinais de petulância. Já vi um homem ser dispensado por ter criado antipatias com a sua chefa (?) que, ainda hoje me convenço, tiveram na língua portuguesa motivo de atrito. A chefa (?), «fizi-o» para aqui, «fizi-o» para acolá, não gostou de se ouvir corrigida com o «fi-lo» do súbdito. Deparo todos os dias com situações destas, ficando sempre na dúvida entre o sapo engolido e a cabeça a prémio. Não sendo nenhum especialista em matéria de língua portuguesa – tão traiçoeira que ela é -, sempre agradeci todas as correcções que me foram feitas neste domínio. Leitores já me escreveram a esse propósito. A Margarete ou a Soledade, para dar dois exemplos, corrigiram-me falhas lamentáveis, fruto da distracção, do desmazelo, da ignorância. Jamais faria orelhas moucas das chamadas de atenção, das correcções, dos erros que me apontaram. Agradeci-lhes e mudei o texto, porque os textos são como as pessoas, entidades inacabadas, em permanente construção, aprendendo com as suas próprias falhas e as falhas de quem os cria. A minha relação com o erro é, pois então, uma relação desprendida. Fico furioso quando erro, rumino sobre o assunto - por vezes, semanas a fio -, vingo-me no fígado, entristeço, deixo-me ir abaixo, deprimo. Mas não permito que o erro vingue. Detectado o vírus, procuro extingui-lo. A essa ânsia de perfeição, incutida por uma paternidade exigentíssima, corresponde, em mim, uma humildade ideológica, que fui beber, certamente, ao berço materno. Nada de extraordinário, sou humano. O que não gosto é de ver gente humana comportar-se como os animais, ignorando os seus próprios erros ou vangloriando-se, por vezes, dos mesmos como se estes pudessem ser virtudes. Talvez seja injusto para os animais repetir aqui um dos erros de Descartes, negando-lhes a faculdade de aprenderem com os seus próprios erros. Mas numa coisa o filósofo francês tinha toda a razão: «as cabeças, pouco depois de serem cortadas, ainda se mexem e mordem a terra». E nisso somos muito parecidos com certos galos que, decepados, ainda insistem num bater de asas que, como sabemos, não os livrará do lume.

9 Comments:

At 11:13 da tarde, Blogger Sandra Cruz said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 11:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

tb recebo mails a avisar-me de erros no meu blog, como diria a minha avó: "temos de ser uns para os outros", hehehe

saúde! :)

p.s. fui eu que apaguei o comentário acima, estava a usar o email e o blogger assume a cena toda, que seca! :)

 
At 11:23 da manhã, Blogger hmbf said...

ok

um abraço

 
At 12:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Os erros de escrita são tramandos, a mania de escrever depressa e a ignorância nalguns casos tem levado a que os textos lá fiquem com erros ou mesmo má construção de frases. Também já me corrigiram e ainda bem, fico mesmo envergonhado quando escrevo um texto desses!

 
At 8:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Henrique, a culpa não é construtiva :)

Estou com a Margarete - temos de ser uns para os outros; e como Mário - o teclado é o lugar do erro.

Deixo-te uma citação do Steiner:

«Corrigir um texto é interpelar Deus dizendo-Lhe que se é fiel a esse cancro do pensamento, a essa patologia do absoluto que Ele colocou em nós».

 
At 10:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

é isso é. mas a citação do steiner merece-me um reparo: o maior cancro do pensamento que deus colocou em nós foi ele próprio. :)

 
At 9:25 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Fogo! Só agora reparei no erro no meu comentário........

argh!

 
At 1:31 da tarde, Blogger Unknown said...

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