SENSO, SOLIDÃO, SILÊNCIO
A facilidade com que algumas pessoas julgam outras pessoas. No telemarketing querem ensinar-nos isso, convencem-nos de que, se estivermos atentos aos sinais, entendemos as intenções. Mas raramente os sinais coincidem com as intenções. A verdade é que as pessoas, geralmente, protegem-se dos sinais, cristalizam-se, fecham-se. As pessoas dissimulam-se, com a arte que têm, qual jogador de futebol, simulam fintas, entram de carrinho. Talvez pensem ser essa uma opção de bom senso, talvez seja essa uma opção condicionada pela solidão em que vivemos, talvez a sociedade esteja a ficar demasiado zen. Porque não aprecio este estado social, tendo a preferir a falta de bom senso, a partilha e o ruído. Não levo a vida tão a sério que me obrigue a estar calado. Isto, com sorte, dura meia dúzia de dias. Daqui a uns anos ninguém nos recordará. Por isso mesmo, regra eral, não julgo os outros. Apenas procuro entender, reflectir, criticar o que dizem. Quando sucede julgar alguém, arrependo-me. Enfim, 15 anos de uma relação estável, a qual já me deu duas filhas, permite-me pensar assim.
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