14.12.05

Livre de Reclamações

Se bem escutei, o governo apresta-se para alargar o número de entidades obrigadas a possuir livro de reclamações. Sobre isto, duas coisas. A primeira consiste numa desconfiança congénita para com este tipo de “remedeios” sociais. Se o governo está realmente preocupado com o exercício da cidadania, deve começar por educar as pessoas. Temo que, porque tal não esteja a ser realizado, grande parte dos cidadãos consumidores não se sinta sequer apto a reclamar por escrito. A segunda nota, prende-se a um facto comigo ocorrido há coisa de cinco anos. Vai assim de jorro e com a maior brevidade possível: há 5 anos acompanhei a minha actual companheira à central rodoviária de Rio Maior; comprámos bilhete para Lisboa e, como ainda nos restava cerca de ¼ de hora, resolvemos ir beber um café a uma pastelaria nas imediações; quando regressámos à central, qual não foi o nosso espanto, o autocarro já havia partido (faltavam, segundo o relógio da central, 5 minutos para a hora de partida); tentámos resolver ali a situação, o que se revelou impossível dado o carácter obtuso do chefe da central; pedimos livro de reclamações; após insistência nossa, e visível atrapalhação do sr., foi-nos revelada a inexistência de livro de reclamações na dita; telefonei para a GNR , de onde me informaram não lhes ser possível deslocarem-se ao local; foi-me assim solicitado que fosse eu a dirigir-me ao posto da GNR, o que fiz, de modo a poder apresentar queixa; passado cerca de um ano, recebi em casa uma carta do tribunal de Rio Maior a informar-me do arquivamento da queixa por motivos de procedimento indevido. Queira lá isto dizer o que quiser, a verdade é que fiquei a sentir a inutilidade do livro de reclamações. Por isso afirmo: antes de se optar pelo livro de reclamações, julgo que seria importante não só certificarmo-nos de que os cidadãos sabem reclamar por escrito como também informá-los sobre o que deverão fazer se o mesmo não for facultado ou se não existir de todo no estabelecimento em causa. Assim se preveniria que procedimentos indevidos não servissem para deixar impunes alguns imbecis.

2 Comments:

At 9:50 da tarde, Blogger mulher said...

e dar formação a quem "recebe" a reclamação. Quem reclama é por ainda acreditar não é para culpar. Mas ando a tentar convencer isto já lá vão 7 anos... Tive sucesso com uma!

 
At 6:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

isso é verdade. as pessoas confudem frequentemente reclamar com culpar. é esse um dos problemas terríveis neste país que está por resolver.

 

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