Comentário ao comentário # 1
O post intitulado A carreira mereceu de alguém que se "identifica" como sendo O/0 o seguinte comentário: «Enunciar imperfeições ou enumerar defeitos é o modo mais banal de... desejo. À falta de as pessoas terem coragem para afirmar que se julgam melhores que «este» ou «aquele», insinuam-no, de forma (supostamente) modesta, e, assim, sobressaem sobre eles.» Se bem compreendi, o comentário pretende dar a entender que eu sofro de falsa modéstia. Ponto 1: o post em causa é sobre o meu recorrente desencanto. O que eu pretendi com aquele desabafo foi, de uma forma irónica, provocar a ideia de que o conhecimento e a formação académica em Portugal não servem para nada, são desaproveitados, inúteis. Repare-se que o remate do post remete para questões monetárias. Ora, sabemos bem que não são as carreiras académicas o que mais contribui para boas reformas. Ponto 2: Ao contrário do que se insinua no comentário ao post em causa, eu não pretendo enunciar as imperfeições de ninguém. Sendo licenciado (por acaso na mais inútil das disciplinas), seria, no mínimo, incoerente achar que o conhecimento académico, mais ou menos aprofundado, é uma imperfeição. Ainda assim, creio, por defeito de formação, que ele não é outra coisa senão a ânsia duma menor imperfeição. Ponto 3: Parece-me assim evidente que o referido post não é sobre mais ninguém que não eu próprio, como, aliás, a maior parte dos posts que aqui tenho vindo a publicar (mesmo quando assim não parece). Permitam-me então concluir revelando o por quê do dito textozito: o ter experimentado, após uma discussão sobre o sentido de uma vida de trabalho, aquela sensação, que por certo muitos de nós vamos experimentando, de que andamos a desperdiçar as nossas vidas. Ou seja, morreremos “sábios” e mais ou menos “ricos” mas, muito provavelmente, pouco vividos ou, se quiserem, pouco experimentados na vida. Já agora, termino com uma citação que outra coisa não me leva a pensar/sentir que não seja o que acabei de tentar explicar: «…falta-me a língua, isto é, a bagagem filosófica. Sobra-me, porém, a experiência…» (Luiz Pacheco, in Diário Remendado) Haverá por aí alguém que consiga, como eu, invejar essa experiência e não outra coisa qualquer?
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