FEIRA DO MONTIJO
(Uma despachada rapariga da província)
Como? Isaura? Como? Vinte e dois.
Nasci num dia de apanha de azeitonas,
num estábulo velho. Esta cicatriz
foi na minha primeira visita
a Évora, a casa da minha avó,
levei com uma escada de alumínio
na testa. Não rias, mas pulsa
quando me venho. Como?
Sim, se calhar foi quando me deu
para começar a sonhar c’a cidade,
onde as fotografias ficam prontas
em meia-hora. Ou achas
que a vida está para demoras?
Como? Comes-me ou não?
Como? Isaura? Como? Vinte e dois.
Nasci num dia de apanha de azeitonas,
num estábulo velho. Esta cicatriz
foi na minha primeira visita
a Évora, a casa da minha avó,
levei com uma escada de alumínio
na testa. Não rias, mas pulsa
quando me venho. Como?
Sim, se calhar foi quando me deu
para começar a sonhar c’a cidade,
onde as fotografias ficam prontas
em meia-hora. Ou achas
que a vida está para demoras?
Como? Comes-me ou não?
António Cabrita nasceu no Pragal a 16 de Janeiro de 1959. Em 1979 publicou Oblíqua Visão de um Cristal num Gomo de Laranja ou Perene o Sangue que Arrebata os Anjos Vingadores. Parte considerável da sua obra poética está reunida em Arte Negra, livro de 2000 publicado pela Editora Fenda. Crítico de cinema e crítico literário no Expresso, António Cabrita é também editor das edições Íman, director da revista Construções Portuárias, autor de contos e argumentos para cinema.
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