18.11.05

67 motivos para faltar (à greve)

É preciso ensinar aos senhores dos sindicatos de professores que o desrespeito pela classe docente começa quando se premeiam os maus professores. Só se defende a profissão docente defendendo um ensino de qualidade, um ensino onde os maus professores não tenham lugar assegurado. Os resultados do estudo do gabinete de estatística do ME (oportunistamente) publicados hoje no DN, mais do que uma resposta imbecil, a fugir consecutivamente com o rabo à seringa, obrigam a uma acção no sentido de alterar este inaceitável estado de coisas: os professores do ensino pré-escolar, básico e secundário faltaram a entre 7,5 e 9 milhões de horas de aula. Ou seja, em média, cada aluno teve três "furos" por semana. Ontem, falava com um colega, professor de Biologia, que se me queixava de já não acreditar em nada neste sistema. Confessou-me que aderiria à greve sem qualquer tipo de motivação, porque ninguém está interessado em meter o dedo na ferida. Quando se tenta discutir nas escolas a cultura de “deixa-andar” de muitos professores, as respostas que se obtêm são quase sempre as mesmas: «olha, olha, lá vem este com filosofias!» Há professores bons, trabalhadores, metódicos, interessados. Mas há muitos muito maus. Insisto nisto: enquanto os que são muito maus puderem continuar a sê-lo sem qualquer tipo de consequência visível, os que são bons serão os mais penalizados. A negligência paga-se caro. E quem a paga é quase sempre o negligenciado.

2 Comments:

At 5:19 da tarde, Blogger maria said...

Parabéns pela objectividade.

 
At 5:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É triste que seja assim. Até porque a classe dos professores tem tão maus profissionais como a dos gestores e a dos médicos. Só que ninguém valoriza os bons.

 

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