26.12.05

Confiar

Eu não consigo viver sem confiar nas pessoas. Confiar nas pessoas é, para mim, parte substancial da razão de estar vivo. Por isso mesmo não me apresso nas amizades, desconfio sempre de elogios e apenas dou abraços com pelos menos 5 anos de relação ininterrupta. Eu gosto das pessoas que me dizem olhos nos olhos: és uma merda. Até porque não me dão novidade alguma. Não tenho paciência para atalhos, subterfúgios, jogos de linguagem nas relações humanas. Falta-me o gosto na obscuridade, aquele maná dos cínicos que dá pelo nome de «indirectas». Talvez porque leia muita poesia, quando estou com uma pessoa aprecio que ela seja o menos poética possível. Dispenso metáforas à hora do café, hipérboles a acompanhar tremoços. Ter um weblog ajudou-me, entre outras coisas, a aprender a não confiar em tudo o que está do outro lado. Este meu ano de 2005 vai-me ficar marcado também por isso. Fiz implodir um weblog onde investi muito do meu tempo durante dois anos e tal, sobretudo porque cheguei à conclusão que neste meio não há lugar para weblogs de confiança. O Insónia é um weblog de desconfiança, assume-se como tal desde o início. No entanto, há coisas que continuam afectar-me. Mesmo que eu não quisesse, elas afectar-me-iam: o que poderá levar alguém a atribuir tanta importanticidade ao que se escreve num weblog? Eu só vejo uma razão para isso: a verdadeira dimensão da nossa mesquinhez. A nossa, de todos, cainheza. É claro que há os que ladram mais alto e os que ladram mais baixo, mas isso não impede que não sejamos todos incomensurável e inevitavelmente caninos.

3 Comments:

At 5:34 da tarde, Blogger Ricardo said...

ão-ão!

 
At 8:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

caim-caim!

 
At 3:30 da tarde, Blogger MJLF said...

miau

 

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