Notas do Porto # 3
Serralves. Com muita brevidade, porque talvez volte ao assunto. Não gostei tanto quanto gostaria de ter gostado da Anschool II de Thomas Hirschhorn. O homem, se quer ser político, deve começar por gastar menos papel. Falta-lhe consciência ecológica. E depois há que dizê-lo com frontalidade: qualquer missionário faz mais pelo mundo do que aquele ruído de ideias (artísticas) algum dia fará. O Sr. Hirschhorn parece-se com aqueles tipos que enfiam um capuz na cabeça e dedicam a vida à metafísica, convencidos de que com tal feito logram feitos de feitar (o verbo é meu). Os tempos que correm já não são de se deixarem açoitar pelo artístico. Feitas as contas, político à séria é o trabalho do Pedro Costa. Sobretudo, aquele intitulado Fontainhas. A coisa, de tão estática, dói. E aquele olhar desesperançado mete medo, muito medo. Grande Pedro Costa, amo-te!
5 Comments:
pois é mas depois de ver o chfes (salvou o som e a luz do costa)eu tinha que encontrar bicarbonato ...
foi mesmo aquilo que te fez confusao que me salvou
viva o tumulto
Querer encontrar ali algo que mude o mundo é muita ousadia. Fiquei-me só por mim.
Salomé, não é isso que o Hirschhorn quer? A mim pareceu-me que sim, pelo menos depois de te r lido toda aquela papelada para trzer para casa.
o Hirschhorn é do género fanfarrão, mas tem piada (e muito bom gosto)
o Pedro Costa é outra coisa :)
o túnel de Fontainhas é das melhores metáforas do cinema que já vi
Não tenho vontade nenhuma de postar sobre o Hirschhorn. C. diz bem, tem piada. Eu digo mais, revejo-me facilmente em muito daquela atitude. E digo mais ainda: a arte carece de mais intervencionismo. Mas o Hirschhorn é ruidoso em demasia, o que joga contra os seus intentos. Resumindo: não é que eu não tenha gostado da mostra do trabalho do Hirschhorn. Apenas a considerei, com e sem ironia, pouco ecológica.
Quanto a Pedro Costa, nem quero mais conversas: é um génio.
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