30.1.06

«As pessoas que escrevem nos blogues, como muitas das que escrevem nos jornais, como as que falam na televisão, dão aquilo que elas julgam que serão opiniões. Políticos falhados, jornalistas frustrados e tanta outra gente completamente iletrada, que não conhece os assuntos, e podiam dizer aquilo, ou o contrário, que era igual ao litro. Mesmo a maior parte dos cronistas são ignorantes, e o que escrevem são crónicas desnecessárias ou desabafos, aquilo a que chamo jornalismo da indignação. Mas faz muito sucesso, porque como as indignações são básicas, há muita gente a partilhá-las, e a ficar feliz por o senhor X, que até escreve no jornal, pensar como elas.» Vasco Pulido Valente

3 Comments:

At 6:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

como diria o outro: lá isso é, lá isso é.

 
At 8:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olha quem fala, o oráculo da imprensa portuguesa. Este Valente julga-se grande de mais para esta choldra de país. Já deve ter nascido com uma coroa de louros por dentro da cabeça.
Bom, a verdade é que as opiniões ou diatribes do homenzinho em questão costumam ser tão fundamentadas como as de qualquer um. Um homem que opina sobre tudo e mais alguma coisa, que legitimidade tem para reivindicar não sei que exclusividade de sapiência para os seus estados d'alma?
Dele se pode dizer o mesmo que ele diz dos blogueiros: "que não conhece os assuntos, e podia dizer aquilo, ou o contrário, que era igual ao litro". Ainda me lembro do luminoso dia em que ouvi desta luminária a opinião de que o romance português do século XX era um longo deserto onde o único oásis se chamava . . . Clara Pinto Correia! Uma afirmação tão estúpida como esta retira credibilidade às opiniões (literárias e não só) de qualquer um.
"As indignações são básicas" diz o excelso lente; são, ou podem ser, sem dúvida; mas mais básico ainda é o conformismo. Quem ler este bilioso até pode pensar que o discurso da indignação é o que mais abunda nos jornais, nas televisões ou nos blogues. Não sei que jornais ou blogues o homem lê, ou que canais televisivos preenchem os seus serões, mas eu não vejo nada disso. O que vejo, quando me dou a esse trabalho, é um conformismo atroz e uma placidez à prova de murro.
O mais divertido no cronista em questão é a arrogância de se achar melhor do que os seus colegas de ofício. Mas o que é que este homem escreveu ou descobriu que o faça credor de respeito universal? Enfim, presunção e água benta, etc. Quanto a mim, acho-o tão primário como, sei lá, a Helena Matos, ou coisa assim. Também há quem o defenda na base de que "escreve bem". Pela-mor-de-Deus, bem escreve o Camilo, a Agustina, o Jorge de Sena. Agora, o Valente? Bah!
JMS

 
At 8:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E mais. Quem escreve nos blogues, independentemente de o seu discurso ser bem ou mal fundamentado, pelo menos não cobra à linha nem dá despesa a ninguém. Trabalha de graça. Já o Valente lente, esse não dá opiniões, dá pareceres, ou melhor, vende-os.
No fundo, o que ele e outros como ele temem é perder o monopólio da opinião que antigamente (ai, antigamente, que saudades!) estava reservado apenas a gente de boas famílias e longo currículo académico; é por isso que os enerva a democratização da opinião que a blogosfera veio trazer.
O VPL sentir-se-ia lindamente era como censor-mor do reino. Ah, se lhe atribuissem a incumbência de proferir ex-cathedra sentenças relativamente a quem podia ou não podia opinar, aí é que o Valente seria feliz. Mas não, os estúpidos tugas não lhe reconhecem a grandeza que o espelho lhe devolve todas as manhãs, e o Valente anda (desde sempre) muito zangado, com este povo, muito muito zangado. Um dia ainda põe uma grinalda de bombas à volta da cintura e vai-se fazer explodir no CCB.
JMS

 

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