A peste
fotografia respigada aqui
O Y desta semana traz João Peste, vocalista dos Pop Dell’Arte, na capa. O pretexto é a edição de POPlastik 1985-2005 que, tal como o título indicia, colhe 20 anos da história da mítica banda pop portuguesa. O conceito de mítica cai-lhes muito bem. Os Pop Dell’ Arte, como muita coisa boa, nunca passaram de um mito com alguma piada. Por isso mesmo o panegírico traçado por João Bonifácio, repleto de epítetos hiperbólicos dirigidos a João Peste, é claramente despropositado. Porque não quero alongar-me na descrição dos disparates, sigo direitinho à conclusão: «O único génio da pop portuguesa». Meu caro, nem génio nem único. O homem pode ser um “ganda maluco”, tem a sua aura de marginal atraente, reconhecem-se-lhe todos os condimentos de uma estrela rock’n’roll "à maneira". Não se pretenda porém aureolar o que é da ordem de Satã. Peguemos nas palavras do próprio: «Tenho um conceito de pop muito aberto, onde cabem os Einstürzende Neubaten, os Velvet Underground, os Beatles, o Zeca Afonso ou Antony & The Johnsons». Português, apenas um. Esse sim genial e único. Como foi Carlos Paredes. Como foi António Variações. E para maldito, chega-nos o Zé Leonel dos Ex-Votos a cantar o Calimero.
9 Comments:
Já eram, os velhos tempos do Luis Maio e Fernando Magalhães.
Podes crer...
Então e o Sérgio... o Godinho?
Cakro, o Sérgio Godinho. E tantos outros... O Fausto, nunca ninguém se lembra do Fausto. O José Mário Branco, o Jorge Palma, etc... Mas na música mais ligeira, na música pop, que dizer do grande José Cid e do Carlos Paião? Enfim...
Cakro? Credo, que raio de acto falhado. Queria dizer «Claro».
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bem, eu por acaso até acho que ele é "o único génio da pop portuguesa". (risos)
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dá para fazer um scanner da entrevista?
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talvez dê. as páginas do y são um pouco grandes para o meu scanner. mas posso tentar.
Não tenho muita paciência para as notalgias dos "velhos tempos" - e isto apesar de ser um admirador (e amigo)do Magalhães. Mas convém ser justo: eu não escrevi mais que um elogio, e mesmo é esse é sustentado pelas declarações recolhidas. Como ainda não há delito de opinião em Portugal, penso poder ser ilibado desse crime, e, quando muito, ser acusado de fazer um mau trabalho de recolha, ou um perfil onconsequente.
Um abraço.
Exactamente João, «ainda não há delito de opinião em Portugal». Por isso mesmo, você deu a sua e eu dei a minha. P.S.: há uma grande diferença entre dizer-se «O único génio da pop portuguesa» ou «Um dos génios da pop portuguesa». Ainda que o conceito de génio, no caso da pop portuguesa, não me pareça de todo apropriado. Saúde,
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