CAPITAL
Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos… Carros, casas…
Capital
acumulado.
E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas…
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos… Carros, casas…
Capital
acumulado.
E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas…
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
David Mourão-Ferreira nasceu na cidade de Lisboa em 1927. Poeta, ficcionista, ensaísta, crítico literário, dramaturgo, tradutor e professor universitário, licenciou-se em Filologia Românica, em 1951, com uma tese sobre Sá de Miranda. É ainda enquanto estudante que participa no MUD Juvenil, que trava conhecimento com José Régio, António Manuel Couto Viana e Fernanda Botelho, que como actor e como autor tem actividade no Teatro-Estúdio do Salitre, que publica os seus primeiros ensaios, designadamente nas revistas Seara Nova e Ocidente, que dirige as folhas de poesia Távola Redonda (1950) e que publica o seu primeiro volume de poesia, A Secreta Viagem. Escreveu inúmeros ensaios e proferiu numerosas palestras. O ano de 1969 marca o início do programa televisivo Imagens da Poesia Europeia, confirmação de uma vocação comunicativa já anteriormente afirmada no programa radiofónico Música e Poesia e em Hospital das Letras, também da RTP, ambos em 1964. Em 1974-75 foi director do jornal A Capital e logo a seguir director-adjunto de O Dia, sob a direcção de Vitorino Nemésio; entre 1984 e 1986 foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores, entre 1984 e 1992 foi vice-presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires e, em 1991, presidente do Pen Club Português. Foi secretário de Estado da Cultura no VI Governo Provisório (1976) e nos I (1976-77) e IV (1979) Governos Constitucionais. Faleceu em 1996 na cidade onde tinha nascido. »
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