Em rota de colisão
O destaque da semana vai todo para a crónica que Maria José Nogueira Pinto assinou no Diário de Notícias da passada sexta-feira (fique claro que só leio o das sextas), sobre o filme Crash. O título da crónica, já de si revelador, antecipa-se à prosa: «Um filme muito inteligente». Depois, o leitor é brindado com uma série de proposições a partir das quais se chega à tal conclusão antecipada: «Crash, um filme que é, antes de mais, uma manifestação de inteligência no sentido da palavra: intelegere.» Ainda que não fazendo a mínima ideia sobre qual o sentido da palavra intelegere, permito-me denunciar aqui uma clara petição de princípio, nada diminuidora, é certo, desta nova arte crítica: ir construindo os silogismos à maneira do andamento do caranguejo. Assim, opina a jurista que: «Crash é um tratado sobre a condição humana», «Crash é uma história de revelação», «Crash é a história da contradição presente na condição humana». O resto são descrições mais ou menos apuradas das personagens e do enredo. Ou seja, segundo Maria José Nogueira Pinto, Crash é um filme muito inteligente porque nos revela o que todos já estamos fartos de saber que Crash sabe que nós sabemos que Crash sabe.
1 Comments:
Ah sim?! :)
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