7.5.06

Dorothea Lange
A mãe sentava-se no mocho de madeira, dobrava-se sobre a água a ferver: o vapor confundia-se-lhe com o suor. Prendia o alguidar com os pés, agarrava a galinha entre as pernas e, por detrás do acto de depenar a fêmea, escondia uma certa fome. Eram as crianças em chapa no rio, o marido em teimosa labuta, as vizinhas em colóquio. Tudo isto se foi perdendo. Excepto o alguidar. Cheio de terra, pariu um vaso de rosas. E o banco, que ainda para lá continua, inclinado sobre o tempo, sem o bem de ser sentado.

5 Comments:

At 7:51 da manhã, Blogger Silvia Chueire said...

Ótimo o texto! A fotografia a casar-se perfeitamente com ele.
Ótimos!

Abraços,

Silvia

 
At 3:14 da tarde, Blogger maria said...

Lindo, lindo!!!!

 
At 3:15 da tarde, Blogger maria said...

E doeu-me que nem sabes...

 
At 1:42 da tarde, Blogger Rui Gonçalves said...

Belíssimo texto e imagem, em que a preto e branco condiz com o sentir forte do relato.
Parabéns.
(descobri por acaso)

 
At 2:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

obrigado, rui.

 

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