A mãe sentava-se no mocho de madeira, dobrava-se sobre a água a ferver: o vapor confundia-se-lhe com o suor. Prendia o alguidar com os pés, agarrava a galinha entre as pernas e, por detrás do acto de depenar a fêmea, escondia uma certa fome. Eram as crianças em chapa no rio, o marido em teimosa labuta, as vizinhas em colóquio. Tudo isto se foi perdendo. Excepto o alguidar. Cheio de terra, pariu um vaso de rosas. E o banco, que ainda para lá continua, inclinado sobre o tempo, sem o bem de ser sentado.
5 Comments:
Ótimo o texto! A fotografia a casar-se perfeitamente com ele.
Ótimos!
Abraços,
Silvia
Lindo, lindo!!!!
E doeu-me que nem sabes...
Belíssimo texto e imagem, em que a preto e branco condiz com o sentir forte do relato.
Parabéns.
(descobri por acaso)
obrigado, rui.
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