SOBRE UM SISMO DE LISBOA
Caberia saber se a terra treme
ou se é o homem que treme sobre a terra
ou se é o tempo que treme sobre o homem
ou se é o nada que treme sobre o tempo
ou se é deus que treme sobre o nada
Caberia saber se a boca expira
do mesmo ar que as(ins)pira
nasce o dia
se atrás dele a noite principia
um rio cessa
onde outro ou mesmo rio (re)começa
Caberia saber se o tremor
não é apenas o eco do temor
o bafo ou a grafia do terror
ou simplesmente a dor de um tumor
de nascença.
ou se é o homem que treme sobre a terra
ou se é o tempo que treme sobre o homem
ou se é o nada que treme sobre o tempo
ou se é deus que treme sobre o nada
Caberia saber se a boca expira
do mesmo ar que as(ins)pira
nasce o dia
se atrás dele a noite principia
um rio cessa
onde outro ou mesmo rio (re)começa
Caberia saber se o tremor
não é apenas o eco do temor
o bafo ou a grafia do terror
ou simplesmente a dor de um tumor
de nascença.
Arnaldo Saraiva nasceu em Casegas, Covilhã, em 1939. Licenciado em Filologia Românica, é um reputado ensaísta português. Como poeta, estreou-se em 1967 com ae poemas. Foi dirigente da Cooperativa Árvore e da Fundação Eugénio de Andrade, colaborou com vária publicações nacionais e estrangeiras, na qualidade de cronista e ensaísta. Arnaldo saraiva fundou e dirigiu ou co-dirigiu as revistas Persona e Cadernos de Serrúbia e os jornais Árvore e O Boavista e faz parte do conselho editorial do Boletim da Universidade do Porto. »
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