26.11.06

Mário Cesariny de Vasconcelos 1923-2006

Mário Cesariny, Este é o meu testamento de Poeta, 1994.


coro dos maus oficiais de serviço
na corte de epaminondas, imperador



uma morte loura
simpática
acolhedora
que não dê muito muito que falar
mas que também não gere
um silêncio excessivo


uma morte boa
a uma boa hora
uma morte ginasta tradutora
relativamente compensadora
uma morte pedal espinha de biciclete quase carapau
com quatro a cinco sôltas a dizer
que se êle não tivesse ido embora
tão jovem tão salino
boas probabilidades haveria de ter
de vir a ser
dos melhores poetas pós-fernandino

vá lá vá lá Mário
uma morte
naniôra
que não deixe o esqueleto de fora como nos casos do mau gôsto
os esqueletos têm sempre um quê de arrependidos
se bem que por aí já convinha lá isso já também era verdade


o demais demora
e
francamente
nunca será teu

vá vá vamos embora

custava-te menos agora
e ainda ias para o céu

Mário Cesariny, in Manual de Prestidigitação.

3 Comments:

At 7:00 da manhã, Blogger Art&Tal said...

escolhes o que mais gosto

 
At 12:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

precisamos de mais como ele. ontem a ver um doc na 2: fiquei emocionado. era uma alma grande

 
At 5:14 da tarde, Blogger lena said...

um excelente poema, primas pela escolha poeta

Cesariny não nos deixou totalmente

lena

 

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