23.3.07

Comentários

1. Esta “reacção alérgica” a uma frase que me impôs respeito merece-me um comentário. A frase, não sendo minha, merece-me respeito. Porquê? Desde logo porque não vejo nela nenhum tipo de discriminação entre os que vão e os que não vão à missa. A minha mãe vai e não tem nada que ver com o CDS/PP. Segundo a interpretação que faço da mesma, quis quem a proferiu dizer que, dizendo-se o CDS/PP um partido democrata cristão, seria de esperar dos seus dirigentes um comportamento mais consentâneo com essa opção ideológica e existencial. O que se viu em Óbidos foi um país que vai à missa, ou, se quiserem, parte do país que vai à missa, tocado pelas tentações do Demo. Não lhes foi a fé suficientemente poderosa para resistirem à desmesura da ambição e da avidez? São, quanto a mim, cristãos demasiado baratos para levar em conta enquanto tal. Por isso mesmo faz sentido, quanto a mim, dizer com espanto: é aquele o país que vai à missa aos domingos.

2. O André remata com uma pergunta cínica este post sobre um documentário acerca de Michael Moore. Disse-lhe que um documentário sobre Michael Moore, à partida, não me interessa por aí além, mas que os documentários do realizador de Bowling for Columbine são por mim tidos em boa conta. Um documentário que seja feito sobre o President da nação mais poderosa do mundo é sempre de ter em conta, boa ou má dependendo dos olhos de quem o vê. Mas um documentário sobre um realizador de documentários, ainda para mais famoso, polémico, provocador, cheira-me a… oportunismo. É óbvio que os senhores Rick Caine e Debbie Melnyk têm todo o direito de realizar os documentários que bem entenderem, sendo também óbvio que os visados possam não gostar do resultado final. Até me parece natural que não gostem se for esse o objectivo do dito cujo. De repente lembrei-me do livro de João Pedro George sobre Margarida Rebelo Pinto… Adiante. O que me parece algo abusivo é julgar que o sucesso na Europa de Michael Moore está apenas relacionado com um putativo antiamericanismo dos seus admiradores, daí ter julgado a pergunta final do André algo despropositada.
Pela parte que me toca, basta-me o western, o jazz, alguns poetas, pintores e realizadores de cinema, para não me deixar levar por qualquer tipo de antiamericanismo. Há também o lado negativo disso tudo: uma nação que nasceu do extermínio dos povos indígenas. Quanto a Michael Moore já disse, noutros tempos, por que o admiro: é a melhor escola do cinismo americano, viciado de ironia e muita pertinência. Só não suporto quando é sentimentalóide. Seja como for, os seus documentários são apenas mais uma razão para eu estimar os States.

2 Comments:

At 4:53 da tarde, Blogger maria said...

ei, Henrique, a minha reacção é só meio alérgica. :)

Acho que até pensamos os dois o mesmo. Não estamos é a entender-nos na totalidade.

O que aconteceu em Óbidos, não devia acontecer pela simples razão de convivência humana e política. Acho que não valoriza nada chamar para aqui a missa.

Mas a frase é poderosa, sim senhor! Nisso estamos de acordo.
E eu que vou à missa, não tenho complexos nenhuns desses. Quantas vezes no café, ou noutros contextos sociais, ouvi comentários parecidos? Imensas. Não me afectam nada. Porque percebo o sentido com que são ditas. Umas vezes concordo com ele, outras não.
E, como frequentadora/consumidora de missas, sempre me desafiam.

Um abraço :)

 
At 1:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Amigo Fialho,

É que eu nunca fui à catequese! Daí, resta-me dizer alarvidades e, claro, não votar no PP...

Bom Domingo a todos..

Abraços

 

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