QUATRO PERGUNTAS (SEGUIDAS DE UM EPÍLOGO) AO ESCULTOR JOSÉ RODRIGUES
1. Tens na ponta do lápis uma chave
para abrir o poema.
Por onde é que ela o abre?
2. Se um besouro de asas
translúcidas entrasse
agora no poema
- tu deixavas?
3. Sabes
como se esculpe um poema
fechado a sete chaves?
4. E se uma pomba
roçasse o ângulo
raso do poema
- prendê-la-ias?
Tu que esculpes
com mãos de água o corpo
e a sombra dos dias.
para abrir o poema.
Por onde é que ela o abre?
2. Se um besouro de asas
translúcidas entrasse
agora no poema
- tu deixavas?
3. Sabes
como se esculpe um poema
fechado a sete chaves?
4. E se uma pomba
roçasse o ângulo
raso do poema
- prendê-la-ias?
Tu que esculpes
com mãos de água o corpo
e a sombra dos dias.
Albano Martins nasceu em 1930 na aldeia do Telhado, concelho do Fundão. Licenciado em Filologia Clássica, foi professor do Ensino Secundário, entre 1956 e 1976, tendo ingressado, posteriormente, nos quadros da Inspecção-Geral de Ensino. Professor na Universidade Fernando Pessoa, Albano Martins é autor de vários livros de poesia e tradutor. Estreou-se em 1950 com Secura Verde, encontrando-se hoje traduzido em diversas línguas. O poema que aqui reproduzimos apareceu no n.º3 de Hífen – Cadernos Semestrais de Poesia.
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