25.3.08

EXMO. SR. VITAL MOREIRA,

Por destino ou acasos insondáveis, calhou-nos sermos portugueses. Sabemos bem, vossa excelência melhor que eu, por experiência adquirida e inata inteligência, que esperar castigos ou punições exemplares neste país é o mesmo que nada. Note-se como, em assuntos de gravidade indiscutivelmente superior, essa exemplaridade é consecutivamente esquecida. Penso, a título de exemplo, na forma como passados sete anos sobre a queda da ponte de Entre-os-Rios as responsabilidades continuam por ser atribuídas. Pedir castigos disciplinares exemplares neste país é, pois então, o mesmo que pedir nada. Basta pedir um castigo disciplinar, sempre temos a esperança de que seja aplicado e evitamos a redundância dos termos. Os castigos disciplinares são, pela sua própria natureza, exemplares. Ou haverá casos em que os castigos disciplinares devem ser mais ou menos exemplares? Penso que não, assim como também estou crente de que, como já referi anteriormente, situações como aquela a que se refere no seu texto são inadmissíveis. Na globalidade estaremos de acordo, sendo excepções esse pormenor da exemplaridade do castigo e a sua excitação no final do texto. Não sei se entendi correctamente, mas quer fazer-nos crer de que o mostrado naquele vídeo é uma cena de «delinquência juvenil»? Delinquência juvenil? O que eu vi foi uma adolescente histérica, fora de si, dirigindo-se deseducadamente a uma professora. Chamar-lhe delinquente também me parece um pouco histérico, ainda mais quando a agredida nem sequer apresentou queixa da agressora. Com uma diferença. Numa adolescente isso é compreensível. Num homem adulto, sensato e precavido, não.

7 Comments:

At 12:50 da manhã, Blogger MJLF said...

Delinquência juvenil? Isso era se a aluna levasse uma naifa, não era o caso, era só um telemóvel. Quanto à naifa, pode acontecer...

 
At 1:17 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não quero ser a voz da discórdia, claro que a rapariga teve um comportamento lastimoso. Baseada apenas no que no famoso vídeo, a professora também não me pareceu à altura da situação. Acho pouco sensato, uma professora de 60 anos querer vencer por força alguém que tem 15.
Já agora outra questão: A professora tem todo o direito de exigir telefones silenciosos e ou desligados e de por fora da sala quem não cumpra as regras ou proceder de acordo com o códogo disciplinar da escola seja ele qual for. Mas tem o direito e de tirar a outra pessoa um objecto de uso pessoal e que tem dono?

Aurora

 
At 1:39 da manhã, Blogger hmbf said...

Etanol, não pode acontecer. Acontece. E acontece pior ainda. Eu estagiei numa escola onde, contaram-ne à época, um aluno foi "exemplarmente castigado" por ter ameaçado um professor com um caçadeira de canos serrados.


Aurora, estás a discordar de quem?

 
At 9:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"Penso, a título de exemplo, na forma como passados sete anos sobre a queda da ponte de Entre-os-Rios as responsabilidades continuam por ser atribuídas."

Desculpe lá, mas nesse caso, no dia seguinte o Ministro demitiu-se e disse "a culpa não morreu solteira".

 
At 10:27 da manhã, Blogger hmbf said...

Pois disse, que a culpa não iria morrer solteira. Mas quem é que casou com a culpa? O ministro Jorge Coelho? Julga que o ministro, ao demitir-se - gesto nobre que todos elogiaram - estava a assumir a culpa do sucedido? Sabe o anónimo muito bem, é público, que nunca foram atribuídas responsabilidades pelo sucedido. Recentemente as famílias das vítimas desistiram do caso. Passaram quantos anos?

 
At 12:32 da tarde, Blogger MJLF said...

Henrique: eu gostaria de ter passado por essa escola. Em Chelas duas alunas ameaçaram-me de pancada, ficaram histéricas em pela aula, uma ameaçou-me com uma regua. Eu pedi à funcionária para chamar o concelho executivo, porque elas se recusavam a sair da sala de aula. Foram lá busca-las, mas não as castigaram, coitadinhas! Vieram depois à reunião de professores pedir desculpa, eu disse-lhes que deveriam pedir desculpa a todos os professores ali presentes, expliquei-lhe que tinha sido colocada a dar aulas pelo ministério da educação e etc... Passado uns meses, uma das miudas bateu numa professora efectiva, de educação fisica e aí já foi castigada. Foi bonito, assim vi como os professores são solidários.
Maria João

 
At 7:46 da tarde, Blogger lb said...

Pois.

 

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