teoria lírica (6. DESPORTO)
1. Correr é mais importante do que estar sentado no sofá, a menos que me jures que o sofá se desloca a uma velocidade que permita comparar-te aos maridos das minhas amigas.
2. Disseste não haver comportamento mais previsível do que o daquele que quer chegar à meta antes do outro; ou saltar mais alto. Que na verdade me apaixonei pela tua indiferença à vitória. Que nesse tempo encontrava charme em quem abdica.
3. Esse sofá tem a inclinação das tuas costas, como um filtro ao ser tocado por cristal ou paciência. O verde está mais gasto mas os teus olhos ajustam o diafragma para claridade igual.
4. Parecias o mais alto, as mãos de neve que nunca importam à direcção do crente. Foi quando a roda começou a desenhar-se à tua volta.
5. Refazer as notícias dos jornais ou as viagens impossíveis. Entrar Clarissa, a de olhos iguais, e não te apetecer olhar nesse momento. Todos os teus actos de contenção afinal a súmula da coragem, O poema que queimava tudo à sua volta.
6. Resistir a todas as lesões, todos os treinos, sem doping nenhum. O movimento do teu braço em direcção à cabeça. A mínima oscilação de um planeta perante a estrela que lhe suporta o eixo.
7. E a elegância de estar a morrer. E um corpo que não te lembrasse disso.
Rui Costa
2. Disseste não haver comportamento mais previsível do que o daquele que quer chegar à meta antes do outro; ou saltar mais alto. Que na verdade me apaixonei pela tua indiferença à vitória. Que nesse tempo encontrava charme em quem abdica.
3. Esse sofá tem a inclinação das tuas costas, como um filtro ao ser tocado por cristal ou paciência. O verde está mais gasto mas os teus olhos ajustam o diafragma para claridade igual.
4. Parecias o mais alto, as mãos de neve que nunca importam à direcção do crente. Foi quando a roda começou a desenhar-se à tua volta.
5. Refazer as notícias dos jornais ou as viagens impossíveis. Entrar Clarissa, a de olhos iguais, e não te apetecer olhar nesse momento. Todos os teus actos de contenção afinal a súmula da coragem, O poema que queimava tudo à sua volta.
6. Resistir a todas as lesões, todos os treinos, sem doping nenhum. O movimento do teu braço em direcção à cabeça. A mínima oscilação de um planeta perante a estrela que lhe suporta o eixo.
7. E a elegância de estar a morrer. E um corpo que não te lembrasse disso.
Rui Costa
4 Comments:
Bom texto.
Jorge Melícias
belo texto, se bem que o desporto não é o meu forte, vou morrendo devagar!
:)
Maria João
obrigados.
Rui Costa
Já viram o novo livro do Rui Costa.
Dá pelo nome de "Resistencias de Materiais".
Não é um livro técnico sobre materiais, mas revela tecnicismo e ... Não acresento mais nada ,pois falta-me competencia para tal. Leiam-no ou melhor saboreiam-no.
Parabéns A3C
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