Com esse dantes referir-se-á aos dois milhões de portugueses analfabetos que emigraram para França e outros lugares ou à revolta daqueles que pastavam nos cafés e pastelarias de que O´neill troçava? Ou esse dantes referir-se-ás às mulheres portuguesas que não podiam sair do país sem a autorização dos maridos? Como dizia um escritor Brasileiro que cresceu numa favela: eu não tinha disponibilidade para angústias existenciais como a minha filha hoje tem o privilégio de ter. Nesse antes talvez a revolta pensasse ter uma solução milagrosa, hoje sabemos bem a enorme quantidade de infelicidade que resultou dessas soluções. O problema hoje não é não estarmos revoltados é essa revolta não estar alicerçada num telos redentor.E isso para Magalhães é uma enorme desgraça. Felizes os que acreditam no Senhor ou na viabilidade da revolução, é isso? Por fim, felicidade é uma palavra tipica de Magalhães, aliás toda a frase, um tom de ternura mesclado com agrura. Mas se lermos os seus primeiros livros veremos bem como esse antes não era assim tão feliz.
Conheço razoavelmente a obra deste autor, incluindo os primeiros livros e posso dizer com toda a certeza, que não é dado a crenças redentoras nem revolucionárias, embora, nota-se bem na obra ensaística, as conheça perfeitamente.
Não é que os dois comentários anteriores não contenham abordagens possíveis da frase postada, que possivelmente necessitaria de mais contexto. De qualquer modo há apreciáveis diferenças semânticas entre "infelicidade" e "revolta".
A primeira pressupõe um certo conformismo calado, disposto à passividade. A segunda pressupõe inconformismo reactivo, pronto a explodir, embora "revolta" seja coisa diferente de "revolução".
Tudo somado, a frase é adequada aos dias de hoje, pois as pessoas tomaram consciência dos limites dos sistemas e da sua impotência perante eles .E que se "o sonho comanda a vida", não quer dizer que ele se realize.
Existe sempre a revolta na juventude e a angustia, tristesa, cansaço da idade em todos os tempos - faz parte da espécie humana, da miserável condição de humanos. Depois existem eternos adolescentes ou sempre revoltados e também os que já nasceram velhos, tristes e cansados. E o mundo também muda no meio disto tudo. Maria João
4 Comments:
Onde é que as pessoas vão buscar estas certezas? E para é que servem? Gostava de saber.
Com esse dantes referir-se-á aos dois milhões de portugueses analfabetos que emigraram para França e outros lugares ou à revolta daqueles que pastavam nos cafés e pastelarias de que O´neill troçava? Ou esse dantes referir-se-ás às mulheres portuguesas que não podiam sair do país sem a autorização dos maridos? Como dizia um escritor Brasileiro que cresceu numa favela: eu não tinha disponibilidade para angústias existenciais como a minha filha hoje tem o privilégio de ter. Nesse antes talvez a revolta pensasse ter uma solução milagrosa, hoje sabemos bem a enorme quantidade de infelicidade que resultou dessas soluções. O problema hoje não é não estarmos revoltados é essa revolta não estar alicerçada num telos redentor.E isso para Magalhães é uma enorme desgraça. Felizes os que acreditam no Senhor ou na viabilidade da revolução, é isso? Por fim, felicidade é uma palavra tipica de Magalhães, aliás toda a frase, um tom de ternura mesclado com agrura. Mas se lermos os seus primeiros livros veremos bem como esse antes não era assim tão feliz.
Conheço razoavelmente a obra deste autor, incluindo os primeiros livros e posso dizer com toda a certeza, que não é dado a crenças redentoras nem revolucionárias, embora, nota-se bem na obra ensaística, as conheça perfeitamente.
Não é que os dois comentários anteriores não contenham abordagens possíveis da frase postada, que possivelmente necessitaria de mais contexto.
De qualquer modo há apreciáveis diferenças semânticas entre "infelicidade" e "revolta".
A primeira pressupõe um certo conformismo calado, disposto à passividade. A segunda pressupõe inconformismo reactivo, pronto a explodir, embora "revolta" seja coisa diferente de "revolução".
Tudo somado, a frase é adequada aos dias de hoje, pois as pessoas tomaram consciência dos limites dos sistemas e da sua impotência perante eles .E que se "o sonho comanda a vida", não quer dizer que ele se realize.
http://www.vidainvoluntaria.blogspot.com
Existe sempre a revolta na juventude e a angustia, tristesa, cansaço da idade em todos os tempos - faz parte da espécie humana, da miserável condição de humanos. Depois existem eternos adolescentes ou sempre revoltados e também os que já nasceram velhos, tristes e cansados. E o mundo também muda no meio disto tudo.
Maria João
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