AMERICAN GANGSTER
Frank Lucas foi motorista e guarda-costas de Ellsworth "Bumpy" Johnson durante 15 anos. Após a morte de Bumpy, a situação no Harlem ficou sem rei nem roque (o que, neste contexto, significa demasiados cães para poucos ossos). Inspirado pelos ensinamentos do mentor, Frank ascende a uma posição de liderança no tráfico de droga naquela zona. Serve-se de um primo destacado no Vietname para traficar heroína pura comprada directamente ao produtor, a qual chega aos EUA dentro dos caixões com soldados mortos na guerra. A história deste mafioso foi adaptada ao cinema por Ridley Scott num filme recheado de estrelas. Denzel Washington é Frank Lucas. Russell Crowe interpreta o papel do polícia que consegue desmantelar a rede de Lucas, provocando um dos maiores escândalos de corrupção policial de que há memória nos states. Ridley Scott, capaz do melhor (Alien, Blade Runner, Thelma & Louise, Gladiator) e do pior (Black Rain, 1492: Conquest of Paradise, G.I. Jane, Hannibal), tem neste American Gangster um filme convincente. A dicotomia estabelecida entre o polícia e o mafioso escapa ao maniqueísmo simplista de muitos filmes do género. Em contextos antagónicos e usando de métodos divergentes, ambos são implacáveis na seriedade com que encaram as suas funções. Não por acaso, o filme termina com os dois, lado a lado, passeando pelas ruas do Harlem após a libertação de Frank Lucas – só possível graças à colaboração deste na denúncia dos polícias corruptos que haviam, de uma forma ou de outra, colaborado com o mundo do crime. Algumas cenas são bastante irónicas, como aquela em que o líder dos mafiosos afirma, em tom de palestra, que o mais importante nos negócios é a honestidade. Outras assumem uma vertente política que vai da denúncia da podridão afecta ao sistema policial à velha questão do racismo (como é possível um preto ter-se tornado mais influente que a máfia branca?). Em suma, um filme para entreter que não é puro entretenimento.
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