NÃO EXAGEREMOS
Há quem considere que o debate político bateu no fundo por causa de umas palavras trocadas entre Louçã e Sócrates no parlamento. Os saudosos da formalidade amorfa, sempre prontos a apontar o dedo, regurgitam a sua mentalidade diaconal falando em pouca-vergonha. O jornal Público vai a ponto de dizer que ninguém se lembrou que estavam crianças no hemiciclo. Pobres crianças. Outros indignam-se com as declarações de Menezes apontadas “àquele barbudo da Quadratura do Círculo”. Chamam a Menezes deselegante e canalha com a mesma convicção com que chamaram mal-educado a Carrilho quando este não apertou a mão no final de um debate aceso com o outro (onde anda o outro?). Chamar canalha a alguém não será igualmente deselegante? E o debate, no estado actual do mundo, lá se compadece com elegâncias? Também há causas justas que não justificam acções de luta mais agressivas e mesmo violentas. Lutar sim, mas com cuidado e respeitinho. No fundo, lutar para que tudo continue na mesma. Devagarinho, para não magoar. O politicamente correcto. Não nos livramos do politicamente correcto. Estou mesmo farto deste país.
7 Comments:
a resignação não será também um contributo para a estagnação do país?
Resignação? De quem? A propósito de quê? Neste preciso momento, um directo na RTP1 sobre a ida da selecção nacional de futebol para a Suiça; na RTP 2 um jogo de hóquei; na SIC e na TVI o mesmo que na RTP 1. É para isto que pagamos uma merda de uma taxa? Resignação? De quem? Daqueles milhares que estão para ali a gritar “esta merda é toda nossa, olé, olé”?!
bem, reconheço os exageros. mas infelizmente, aquilo que portugal faz melhor de momento é jogar futebol. em que outra coisa temos a possibilidade tão flagrante de sermos os melhores da europa? apesar de tudo, algum mérito lhes é devido.
Temos, infelizmente, a possibilidade de sermos os melhores da Europa em tudo o que é negativo, tudo o que afecta a qualidade de vida da população, em suma tudo o que está a destruir a classe média de Portugal.
consequências da forma como a imprensa lida com a situação, isso claro reconheço.
era, isso sim, fazer um boicote aos chutadores na bola que nada adiantam a este marasmo de merda, em que só dois ou três fazem alguma coisa, e os outros, para além de se recusarem a ser chamados de cobardes, nada.
Anónimo 1: respondendo à sua pergunta, não sei. Nunca vejo as coisas nessa perspectiva de sermos os melhores da Europa ou os piores. Penso que temos muitas coisas boas e demasiadas coisas más que justificam uma atenção que o futebol não justifica. Senhores! Directos da selecção a ir para o aeroporto e a chegar à Suiça? É o cúmulo da parvoeira. E depois falam mal dos weblogs…
André Couto: não sou tão negativista, embora compreenda a perspectiva. Temas muitas coisas boas que ou não são faladas ou passam em nota de rodapé. O que não podemos é deixar de ser minimamente sérios. A silly season chegou mais cedo este ano. Ou será que não chegou a acabar no ano passado?
Anónimo 2: Sim. E da forma como as pessoas lidam com a situação. Se eles passam, é porque alguém vê. E os que andavam nas ruas de bandeira em riste e cachecol ao pescoço não eram poucos.
Anónimo 3: não percebi, mas gostei.
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