10.10.06

hmmmmmm?!

«Diário Remendado 1971-1975 (Dom Quixote) tem um alto teor de corrosão. De Luiz Pacheco não era de esperar outra coisa. (...) Num país menos engravatado, o livro seria vendido com cinta amarelo-vivo e frase com letras azul-forte: HIPOCONDRIA, BROCHES & LITERATURA. Com efeito. Um pouco de sorte, e nenhum recenseador o acusará de fazer alarde de calotes. A vida, portanto.»
Eduardo Pitta, Setembro 13, 2005.
«Luiz Pacheco, de quem se esperaria um relato dos costumes da classe, anda à volta das trivialidades do costume no Diário Remendado, que são só quatro anitos (1971-75) muito remendados, nada acrescentando ao que já se sabia.»
Eduardo Pitta, Outubro 10, 2006.

7 Comments:

At 7:11 da tarde, Blogger sabine said...

Essa nao há-de ser a primeira contradição no discurso de Eduardo Pitta... Li-o diariamente durante uns tempos mas depois fartei-me dele por causa de coisas como essa.

 
At 8:48 da tarde, Blogger Eduardo Pitta said...

Caro Henrique Fialho, é um prazer ter um controleiro atento. Então de que é que fala o nosso Pacheco no diário em apreço? Da vidinha dele: calotes, bebedeiras e sexo de vão de escada. Nada que a obra (a melhor parte dela publicada no tempo da censura) não ilustre com outro brilho. Teor de corrosão, sim. Não é todos os dias que alguém conta em letra de forma aquela cena macaca na casa de banho já não me lembro de quem. Mas isso "acrescenta" ao que se sabia dos livros? Não. O «Diário Remendado» foi anunciado como contendo revelações que iam deixar meio mundo a salivar. Cadê? Andava com meninas e meninos novinhos? Isso já a gente sabia e ele contou com larga soma de pormenores em dezenas de entrevistas. Mas então os seus pares, esses "ainda vivos" que iam ser "desmascarados". Sabe tão bem como eu que, desse ângulo, não se aproveita nada. Um vago ajuste de contas com o Vítor Silva Tavares, apenas perceptível por quem conhece os respectivos percursos, e ponto final. Portanto, meu caro, sob o ponto de vista do post de hoje, nenhuma contradição. É o lado para que durmo melhor, mas não quero que pense que fujo à questão.

 
At 10:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro Eduardo Pitta, obrigado pelo comentário. Você sabe que o leio atentamente e com respeitinho q.b., até porque lhe reconheço esse gosto de pegar o touro pelos cornos (perdoe-me o provincianismo :-). E até concordo em parte com este seu comentário, embora não me pareça que um diário valha apenas pelas «revelações escaldantes». O Remendado é do meu agrado por outras razões, mais afins a um certo conceito de resistência. Também gosto dos XVI volumes do Diário de Torga, mas sobre esse já nem falo. Toda a razão tem você quanto a Vergílio Ferreira, acerca de quem, de resto, acho que lhe li em tempos valer por pouco mais do que o prefácio a «O Existencialismo é um Humanismo». Mas posso estar a fazer confusão. Quanto a esta aparente contradição (e olhe que muito me aprazem, daí concordar com Álvaro de Campos quando diz haver duas maneiras de se te razão: calarmo-nos ou contradizermo-nos) o que julguei estranho foi um livro de «alto teor de corrosão» passar a ser, um ano depois, um livro de «trivialidades do costume». E não me venha cá falar do anúncio, pois no primeiro post você fala do livro como se já o tivesse lido. Para mim… há gato nesta mudança de perspectiva. E não é a Joana, pela qual aproveito para o felicitar - gosto de animais com “sinais” no rosto. Seja como for, pois que durma muito bem. Não lhe quero dar insónias, já bastam as minhas.

 
At 11:28 da tarde, Blogger Eduardo Pitta said...

Permita-me algumas precisões: quando falo de "anúncio" refiro-me a duas entrevistas que o George deu (uma a um jornal, outra à televisão) em que se referia ao facto de o livro ir "mexer" com o establishment. Cito de cor, naturalmente. Eu, quando fiz o post, já tinha lido o livro. Também concordo que um diário não vale só pelas «revelações escaldantes». Sobre o Vergílio Ferreira, a minha posição, repetida mais de uma vez, é assim: acho o diário notável; não gosto dos romances (de nenhum); o ensaísmo dele interessa-me, e o prefácio a «O Existencialismo é um Humanismo» é realmente marcante. Agrada-me saber que gosta de animais. Ah!, obrigado pela correcção: o Diário do Torga são 16 e não 14 volumes como por lapso escrevi.

 
At 12:35 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Gosto, sim senhor. Tenho sete cães (só um mora cá em casa a tempo inteiro) e duas filhas. Há ainda a minha mulher, que é quem tem o sinal na cara. :) O animal de quem gosto menos, sou mesmo eu. Esclarecimentos feitos. Saúde,

 
At 12:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

P.S.: Nem o «Para Sempre»?

 
At 12:19 da tarde, Blogger Eduardo Pitta said...

Lamento desapontar, mas esses da fase final ainda gosto menos. Sete cães? É obra!

 

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