10.10.06

BAMBI*

Bambi
Sim, sou eu. Tudo o que seja, sou. Vou buscar os dentes, ponho já o sorriso a cobrir a aventura toda. Sou eu o aventureiro, sim. Um homem com uma neve branca sobre os ombros, incerto mar sobrenatural. Espio. Toco nas virilhas delas porque sei que é lá que se depositam os segredos. Gosto infinitamente de papoilas mas não é por não serem eu, é por serem vermelhas e terem cara de putas. Que coisa tão desnecessária, ou remédio balofo. Sonhar com comboios e o broche da menina suíça de cabelo curto. Foi em Cannes, acho eu, ou seria Nice. Foi em Nice, ao cimo das escadas, e não chegou a ser porque o destino quis que eu continuasse a pensar nela como uma coisa que não foi. De regresso, bati uma punheta no comboio para agradar ao destino. Ainda hoje agrado ao destino. E continuo a amar este ódio pequenino por tudo o que não foi.

De repente tudo muda/ Um sol a pique sobre a água// como outra espécie de fonte



Rui Costa


*em “resposta” à margarete: #

3 Comments:

At 7:04 da tarde, Blogger MJLF said...

O Bambi dava-me sempre vontade de chorar quando era pequena. Gostei muito do final: " De repente tudo muda/Um sol a pique sobre a água//como outra espécie de fonte"
Maria João

 
At 10:01 da manhã, Blogger margarete said...

e que olhos tão grandes!
8)

bjñ

 
At 12:03 da tarde, Blogger margarete said...

ah ah, é verdade!... falta a menina Maria João!

 

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