8.2.08

DEFENDAM-SE

Eduardo Pitta tem muita razão no que afirma neste post, nomeadamente no que ele terá de denunciativo de mais um exemplo do sectarismo jornalístico lusitano (chamar-lhe arbitrariedade é eufemístico). A conclusão a que chega é que me deixa perplexo. Vejamos: «as pessoas têm de habituar-se a fazer valer os seus direitos. De preferência por escrito. Isto vale para hospitais, bancos, seguradoras, prestadores de serviços, etc. Vinte linhas escritas têm a eficácia que nenhuma peixeirada resolve». Concordaria em absoluto com a conclusão não fosse o caso de viver no país em que vivo, ou seja, um país com 9% de analfabetismo. Citando o próprio Pitta: «Os 9% da média nacional actual são ultrapassados no Alentejo, com 16%, e no concelho de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, com 32%». Como conciliar os dois factores? Não se pode exigir às pessoas que façam valer os seus direitos por escrito quando, para nossa desgraça, muitas delas nem sabem escrever. Por vezes, mal sabem falar. Teria muitas histórias para contar com as quais não perderei tempo. Recordo-me, porém, de uma vez ter lido um curioso texto de alguém que se referia, com estupefacção, ao facto de as pessoas questionadas na rua sobre um qualquer assunto, normalmente, não saberem responder às questões colocadas, gaguejarem, tropeçarem nos termos, confundirem-se nas interpretações. Este é o país em que vivemos, não é outro.

3 Comments:

At 2:04 da tarde, Blogger DL said...

Mas a situação não é tão simples como isso, porque aos 9% de média (o que esconde desigualdades importantes, como citado) junta-se a iliteracia funcional, a incapacidade de interpretar um texto simples, etc. etc.

Tudo está resumido nestes versos de Carlos Tê/Rui Veloso, não é?

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem

 
At 7:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

(Respondendo ao mote)

Mas tanto "pequeno" é
Enorme na "tradição",
De mandar um pontapé
À mulher, ao filho, ao cão.

I.

 
At 7:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Esquecu-me da moral da história:

É que há sempre mais pequenos do que os "pequenos".
Assim, a diversidade do mundo é maravilhosa.
E Deus um grande humorista...

 

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