5.9.05

Fragmento # 13 – Planície

Mergulho em melancolia sempre que atravesso o Tejo e passo para o espaço onde o céu não tem tamanho, nem tempo nem fim. A planície alentejana aparentemente bela é amarga, pesada; vive de variações luminicas, constantes contrastes, atravessando-me os ossos. O céu na planície é imparavél, luminoso e dissonante. Ora está densamente cinzento e pesado ou as nuvens espalham-se no magnifico espaço, irregularmente, com lentidão nos passos, como que anunciando uma catástrofe. No Inverno, as nuvens pesam no céu, mas o inferno não é inverno. O inferno é amarelo na planície, um amarelo mortífero com céu de chumbo. O inferno na planície é o verão amarelo onde se pressente uma presença invisível, num angustiante bafo cheirando a inverno.
Maria João

2 Comments:

At 10:27 da tarde, Blogger Clepsidra said...

A terra da planície cospe fogo das suas artérias de sol e as suas azinheiras de negros ramos brandam aos céus. Mas é de um cenário de dormência que falo...

 
At 8:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá Clepsidra,
Obrigada por passares por cá. Vejo que sabes do que estou a falar...

 

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