ESOTERIA
Tenho mais que fazer que reler-me.
Reler-me custa. É pensar prisioneiro.
Nenhuma, cadeia nenhuma serve ao pensamento livre
E a cadeia que em nós pomos na cabeça
é a pior,
é a pior de todas.
Já alguém alguma vez viu no ar um pássaro voando com as suas próprias asas? não, isso é engano.
O pássaro que voa, voa ajudado pelo vento.
E faz de conta
que asas não tem.
O ar o ajuda? Talvez… o ar o ajuda…
Se o pássaro, porém, quiser voar
duas vezes:
não voa, não voa!, com as dele mesmo
asas.
Dele é e não é o voo que lhe pertence.
E irrepetível é o ar que o move.
Dentro de si circula.
Reler-me custa. É pensar prisioneiro.
Nenhuma, cadeia nenhuma serve ao pensamento livre
E a cadeia que em nós pomos na cabeça
é a pior,
é a pior de todas.
Já alguém alguma vez viu no ar um pássaro voando com as suas próprias asas? não, isso é engano.
O pássaro que voa, voa ajudado pelo vento.
E faz de conta
que asas não tem.
O ar o ajuda? Talvez… o ar o ajuda…
Se o pássaro, porém, quiser voar
duas vezes:
não voa, não voa!, com as dele mesmo
asas.
Dele é e não é o voo que lhe pertence.
E irrepetível é o ar que o move.
Dentro de si circula.
Raul de Carvalho nasceu no Alvito em 1920. O seu primeiro livro, As sombras e as vozes, veio a lume em 1949. Raul de Carvalho foi co-director da revista Árvore e colaborou com várias outras, como são disso exemplo trabalhos publicados na Vértice, Cadernos de Poesia – 2.ª Série, Cadernos do Meio-Dia, etc. Com poemas traduzidos para algumas línguas estrangeiras, foi um dos premiados no Concurso Internacional de Poesia «Prémio Simon Bolívar», em 1956, com o livro Mesa da Solidão. A sua obra mais conhecida é talvez um e o mesmo livro, publicado na colecção forma da Presença. Faleceu em 1984.
1 Comments:
Muito lindo, inspirador excelente para começar um dia repleto de trabalho.
Precisamos sempre de uma ajuda externa, maravilhoso!
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