ÁLIBI
Não estive presente
quando se perpetrou
o crime de viver:
quando os olhos despiram,
quando as mãos tocaram,
quando a boca mentiu,
quando os corpos tremeram,
quando o sangue correu.
Não estive presente.
Estive fora, longe
do mundo, do meu mundo
pequeno e proibido
que embrulhei e amarei
com cordéis apertados
de meridianos meus
e de meus paralelos.
Os versos que escrevi
provam que estive ausente.
Eu estou inocente.
quando se perpetrou
o crime de viver:
quando os olhos despiram,
quando as mãos tocaram,
quando a boca mentiu,
quando os corpos tremeram,
quando o sangue correu.
Não estive presente.
Estive fora, longe
do mundo, do meu mundo
pequeno e proibido
que embrulhei e amarei
com cordéis apertados
de meridianos meus
e de meus paralelos.
Os versos que escrevi
provam que estive ausente.
Eu estou inocente.
Guilherme de Almeida, advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em São Paulo a 24 de Julho de 1890 e faleceu nessa mesma cidade a 11 de Julho de 1969. Cursou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde obteve o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1912. Dedicou-se à advocacia e à imprensa. Foi redactor de O Estado de São Paulo, director da Folha da Manhã e da Folha da Noite, fundador do Jornal de São Paulo e redactor do Diário de São Paulo. A publicação do livro de poesias Nós (1917), iniciando a sua carreira literária, e dos que se seguiram, até 1922, colocou-o entre os maiores líricos brasileiros. Fundador da revista Klaxon, ligada aos modernistas, percorreu o Brasil difundindo ideias de renovação artística e literária, através de conferências e artigos. Traduziu, entre outros, poetas como Rabindranath Tagore, Charles Baudelaire e Paul Verlaine. »
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