Teorema
Repugna-me a solidão ensaiada, os hífens no lugar, o tédio pantagruélico e o amor de joelhos. Odeio passarinhos à brocha, petulância a boiar nas palavras, gente anã com guinéus de gigante. Não gosto de meninos providos cheios de artigos definidos, retóricos paulistas de língua abat-jour. O relativismo é uma saia cintada tão determinativa quanto o objectivismo da inteligência que s’ arroga. Acho abjectos os homens sem lugar - por conveniência, presunção ou água benta. Agonizo com arrulhos ameijoados, meio-mortos à nascença. Botas-de-elástico há mais que chapéus. Com esses posso eu bem, pago-lhes em moeda estrangeira. Mas o qu’ eu mais patetizo é gente nova com pose d’ ancião e mata-borrões com chicotes de veludo. Falta-me a pachorra para os ver de baixo para cima. Vomito nos onanismos de boca em boca, nas ondas, nas modinhas, nas onças travestidas. Cago nos trejeitos de trazer por casa, na bandeira pseudo-anti-pseudo-intelectual, como se o báculo do bom senso fosse matéria de dicionário. Prefiro-me bom-serás e humilde, feito às canhas em dia de sumiço, a palerma convencido de navegante. Arrumado nos rancores que o tempo me naufragou para dentro, como um castigo, eu refaço-me: nem sei se alguma coisa sei.
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