10.4.06

E depois de muito reflectir

Chegou à conclusão que de Agustina Bessa Luís tinha lido, muito esforçadamente, um único livro: O Manto. De António Lobo Antunes tentara ler, mas não conseguira, Explicação dos Pássaros e O Manual dos Inquisidores. De José Saramago havia lido meia dúzia de romances e ficara a meio de outros dois. Se bem se recordava, tirara algum gozo da leitura do Ensaio sobre a Cegueira. Um bom romance, por certo, não fora o caso de Albert Camus haver escrito A Peste. Saramago, Agustina e Lobo Antunes. Se excluirmos os mortos, é esta a santíssima trindade da ficção portuguesa contemporânea. Prefiro Mário Zambujal.

16 Comments:

At 10:37 da tarde, Blogger Susana Viegas said...

Quem tem medo de não ler os cânones? Agustina é, na maior parte das vezes, profundamente entediante. Lobo Antunes é, na maior parte dos livros, obsessivamente repetitivo nos temas - e isto não é uma qualidade. Saramago desenvolveu, nas últimas obras, uma fixação por temas quase universais, que outros antes dele já trataram de forma infinitamente mais interessante. É a literatura que temos. Alguém os belisca?

 
At 11:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois é, Sérgio Lavos. E o problema está em que antes dos nossos canonizados há um sem-fim de clássicos bem mais interessantes à espera de serem lidos.

 
At 1:59 da manhã, Blogger Vítor Leal Barros said...

sinceramente, também não tenho muita paciência para a Agustina... do Saramago há dois livros que quero ler (sem urgência)...quanto ao Lobo Antunes é uma outra história... mas é como dizes, muitos clássicos interessantes em lista de espera... abraço

 
At 11:46 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Da Agustina tentei ler o Vale Abraão e não consegui; do Saramago li com interesse quatro romances; Lobo Antunes: confesso que os últimos livros (ele prefere livros a romances) não me excitam muito, no entanto, o Memória de Elefante, Conehcimento do Inferno, Fado Alexandrino, são, quanto a mim, excepcionais. Mas mesmo assim, ainda prefiro o Vergílio Ferreira.

 
At 12:03 da tarde, Blogger dama said...

O Lobo Antunes, na minha modesta opinião, tem muito do melhor que se fez no romance português dos últimos trinta anos. E a Maria Velho da Costa? Na minha modesta opinião, só ela o supera.

 
At 5:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois eu não li nenhum desses e não gostei.

 
At 9:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vítor Leal Barros: O meu problema é mesmo esse, muitos clássicos em lista de espera. Já agora, qual é o Lobo Antunes que me aconselhas?

md: Acha que algum desses do Lobo Antunes pode ser preferível a, por exemplo, Os Maias?

dama: Falemos só da santíssima trindade. Maria Velho da Costa, felizmente, ainda não foi canonizada. As perguntas anteriores referentes a Lobo Antunes podem também ser para ti.

clandestino: E é bem provável que tenhas razões para tal.

 
At 12:43 da manhã, Blogger dama said...

Sobre Lobo Antunes: sim, "O Esplendor de Portugal" e, com todos os seus defeitos, percalços, alongamentos, etc., "Fado Alexandrino".

 
At 10:09 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Em relação aos Maias... não tenho lá uma muito boa relação com Eça, pois fui obrigado a ler os Maias quando andava no 11º ano, e tal não me excitou muito (tal exemplo também serve para as Viagens na minha Terra e Amor de Perdição). Comecei há pouco tempo a ler a Ilustre Casa de Ramirez, e, sinceramente, não me está a entusiasmar, mas vou dar-lhe o benefício da dúvida. Mesmo assim, ainda prefiro o Vergílio Ferreira.

 
At 12:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Dama: Ok, vou procurar esse Esplendor de Portugal. :)

FGS: Eu também tenho cá as minhas dúvidas. A ver vamos…

MD: Vergílio Ferreira é dos meus escritores portugueses preferidos. Pena que antes dele tenha lido Sartre, Camus e demais existencialistas. Ainda assim, é dos que mais me agrada ler.

Mas eu estava a falar dos vivos, ainda que posteriormente tenha dado um exemplo dos vivos em comparação com os mortos. A pergunta fundamental é esta: valerá a pena perdermos tempo com a nossa santíssima trindade dos vivos, antes de lermos os santos e os excomungados do passado?

 
At 12:55 da tarde, Blogger Insignificante said...

Apesar de só ter lido a Crónica dos Bons Malandros, do Mario Zambujal, surpreende-me a comparação.

Na minha insignificante opinião, o Lobo Antunes há muito merece o Nobel

 
At 1:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

caro hmbf:

Um dia Vergílio Ferreira, num dos seus Conta-Corrente, escreveu que um editor estrangeiro o tinha recusado dizendo que «pequenos Sartres temos nós cá pelos cantos da rua».

Vergílio ferreira foi, sem dúvida, influenciado pelos existencialistas franceses (Lobo Antunes chegou a dizer que ele escrevia em francês com sotaque da Beira); mas também por um Eça, Raul Brandão (que deviamos ler antes da santíssima trindade dos vivos: Húmus é uma obra fabulosa), Kafka, Dostoievsky, entre outros. Mas, no entanto, consigo ler muito bem Vergílio Ferreira apesar de também já ter lido Camus e Sartre, pois encontro nele uma voz própria, apesar dos temas serem queridos à família existencialista.

E sim, acho que devemos perder tempo com os vivos (não só com a santíssima trindade): José Luís Peixoto, que sofre devido a tanta publicidade, Manuel da Silva Ramos, que poderá ser um dos mais originais escritores portugueses, Pedro Paixão (e porque não?), Filipa Melo (Este é o Meu Corpo é um livro muito bom), Lídia Jorge, Teolinda Gersão, entre outros.

E dos mortos: José Cardoso Pires.

 
At 2:09 da tarde, Blogger hmbf said...

MD:

Totalmente de acordo no que respeita a Raul Brandão, assim como no que concerne a Vergílio Ferreira. Cá para baixo é que a porca troce o rabo…

Para mim, há vivos, que não necessariamente os que aponta, a merecerem mais atenção que a santíssima trindade. Dos mais novos, prefiro a escrita de Manuel Jorge Marmelo. «Novas do Achamento do Inferno», de Fernando José Rodrigues, é um livro fascinante. Mas não me lembro de ter lido grande coisa acerca desse livro… Agora anda toda a gente muito ocupada com a prosa de Rodrigo Guedes Carvalho. Eu, enquanto não ler todos os livros de Mário de Carvalho não pegarei em nenhum do Rodrigo Guedes. Quanto a Pedro Paixão, diz muito bem «e por que não?»

Estas férias vou ver se consigo ler estes três: «o nosso reino», de valter hugo mãe, «Jerusalém», de Gonçalo M. Tavares, e «Cinco Contos sobre Fracasso e Sucesso», de Alexandre Andrade. São livros ainda fresquinhos. Como vê, nada me move contra “os vivos”… Só me irritam os santos. :)

Saúde,

 
At 1:31 da manhã, Blogger dama said...

hmfb: pois olha que o Lobo Antunes casa com o Faulkner, que é o autor que aparece mais pela minha modesta casa. A propósito, boa Páscoa.

 
At 2:55 da manhã, Anonymous Anónimo said...

dama: Já ouvi o Lobo Antunes, em conferência hilariante aqui na terrinha, dizer de sua justiça a propósito desse casamento. Eu é que nunca consegui entender onde. Defeito meu. Boa Páscoa também para ti.

 
At 9:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tem toda a razão .Precipitei-me no comentário e tomei a preferência por comparação

 

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