PARA QUE SERVE (ATÉ AGORA) A POLÉMICA DA HORA
In Esplanar.
Sublinho: «A questão está em saber se Carrilho – por antipático, conflituoso e egocêntrico que seja − foi ou não objecto de fair treatment por parte daqueles que, agora, o acusam de falta de fair play. A avaliar pelo que se sabe sem recorrer ao livro (como leitor do Público, que sou desde sempre) é óbvio que não, e desde muito antes da candidatura. Aliás, esta manipulação no mínimo anti-deontológica de meios profissionais contra Carrilho não é sequer exclusiva da comunicação social: exemplo disso são as inacreditáveis sentenças proferidas por sucessivos juízes sobre a queixa de Carrilho contra um artigo infame de António Barreto (publicado no mesmo jornal que, com outro director, é certo, em tempos não publicou uma prosa de Pulido Valente sobre Espada). Nestas ocasiões as solidariedades são poucas e os seus efeitos nulos; o que conta é a credibilidade das acusações e a seriedade das defesas. Os acusados limitam-se a chamar-lhe ressabiado e fingirem-se vítimas de ataque, o que no país da vitimização e irresponsabilidade funciona sempre. Ora, justamente, é isso que mais credibilidade confere a acusações que não podem ser provadas: a imediata fuga ao escrutínio, mesmo que apenas ao auto-escrutínio.»
Mais esta: «O problema maior de Carrilho é a falta de autoridade para falar. Primeiro não lha reconhecem, porque em Portugal se odeia quem pense pela sua cabeça, mais a mais sendo-se «filósofo» (em Portugal, um insulto). Grande pensador, no jornalismo e na política à portuguesa, é Paulo Portas... Depois, porque quer pela sua devoção ao neopragmatismo, quer pela sua experiência política, nada disto o deveria ter espantado (...). Por fim, porque a sua conduta política desde o seu primeiro mandato como ministro sempre esteve eivada de características de promoção pessoal e de promiscuidade com uma corte bastante socialite que, quando as coisas se complicam, pouco ajudam e muito embaraçam.»
3 Comments:
Sim. Mas a primeira questão está lá...e não serão certamente os senhores jornalistas a dizer que sim...
O problema dos senhores jornalistas é conhecido...porque carga de água fundam e gerem, alguns deles, empresas de comunicação e de imagem?
Não será uma forma de tirarem partido, em beneficio próprio, do meio em que se movimentam?
E se assim fôr, há ou não há troca de favores? Há ou não há prostituição no meio? Há a possibilidade, ou não, do Carrilho estar cheio de razão (apesar da sua vaidade, arrogância e etc e tal)?
Pois. Mas isso nunca será nenhum jornalista a dizê-lo...o corporativismo tem destas coisas...
Gostei do post.
Um abraço.
Concordaria em absoluto se em vez de «os senhores jornalistas» disséssemos «alguns senhores jornalistas». Lembro que sobre o tema opinei mais abaixo: http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2006/05/tadinhos.html . Mas acho que ainda vou opinar mais, isto porque tenho notado ultimamente numa espécie de pino na opinião publicada sobre o assunto.
Acho que a imagem da faca e da mão, de Fernando Lemos, está supremamente escolhida par esta questão.
Sobre o Professor Manuel Maria Carrilho, acho que teria sido bom para ele prosseguir a carreira universitária: Sei no entanto, por o conhecer razoavelmente de ambientes internos de trabalho, da sua imensa vaidade, de resto bem patente em cada fotografia que nos dá a ver. Como Ministro da Cultura, concordo que Carrilho sabia do que falava, mas falta saber um dado importante: quanto custou ao país, em esbanjamento e ostentação, todo o "aparato" que Carrilho montou à sua volta, com imensos jornalistas e fotógrafos, que o seguiam como moscas, pagos por uma rubrica do M.C. que, até hoje, não consegui vislumbrar onde "cabe".
Do mesmo modo, me desgostou ver Carrilho descer ao nível da brejeirice, em comentários aos seus adversários, quando escrevia no expresso. Num deles dizia que o Morais Sarmento não estava (???) porque, se calhar, tinha ido abastecer-se (acho que era mais pesado) ao Casal Ventoso.
Não é importante o que se diz, quando ninguém nos ouve. Mas, quando subimos ao palco, a factura é a presentada a todos, o que dissémos, o que não dissémos. Ninguém escapa.
Carrilho Não foi exactamente maltratado, mas é certamente mal-amado. O livro é corajoso? Não sei, sei que lhe traz protagonismo e até lucro financeiro e acho que ele não se importa nada com isso.
Quanto ao mau jornalismo, o que faz mesmo MAL às pessoas, temos tido exemplos bem tristes em Portugal...Basta pensar nos crimes de pedofilia em que se amarfanharam princípios deontológicos como se fosse uma folha de papel de rascunho...
Como já devem ter percebido, acho que o país sobrevive melhor à perda de Carrilho do que à perda de qualidade e deontologia profissional dos media.
armandina maia
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