CIGARRA
Esta não é filha do sol
com pernas e pés de marinheiros
subindo às árvores das herdades.
Esta é preciso ouvi-la dias inteiros
aquém das grades.
Esta
não chama para os campos doirados
onde o canto é livre e aquece, morno.
Mas para silêncios hirtos e cerrados
com fardas e armas em torno.
Desde o sinal das auroras
até à noite que plange
amortalhando as horas,
seu canto não canta, range…
Ó cigarra das torvas claridades!
Seus cantos só pode cantá-los
a boca de pedra e dentes ralos
do ferro nas grades.
com pernas e pés de marinheiros
subindo às árvores das herdades.
Esta é preciso ouvi-la dias inteiros
aquém das grades.
Esta
não chama para os campos doirados
onde o canto é livre e aquece, morno.
Mas para silêncios hirtos e cerrados
com fardas e armas em torno.
Desde o sinal das auroras
até à noite que plange
amortalhando as horas,
seu canto não canta, range…
Ó cigarra das torvas claridades!
Seus cantos só pode cantá-los
a boca de pedra e dentes ralos
do ferro nas grades.
Luís Veiga Leitão nasceu em Moimenta da Beira no dia 27 de Maio de 1912. Viveu grande parte da sua vida no Porto, tendo falecido em Niterói, Brasil, a 9 de Outubro de 1987. O seu livro de estreia foi Latitude (1950), mas só adquiriu algum reconhecimento após a publicação de Noite de Pedra (1955). Enquadrado na segunda vaga do neo-realismo, Luis Veiga Leitão aparece, no entanto, na antologia Surrealismo/Abjeccionismo, organizada por Mário Cesariny de Vasconcelos. A Poesia Completa de Luís Veiga Leitão foi publicada pelas Edições Asa.
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